A menos de dez meses de vencer o prazo do concurso para servidores municipais de Montes Claros, candidatos aprovados para o cargo de auditor cobram da prefeitura a convocação. Mas não há qualquer previsão para que isso ocorra. Enquanto isso, o serviço é realizado por um número insuficiente de funcionários, muitos deles sem qualificação para a função.
A demora para a chamada dos aprovados é motivo de um requerimento do vereador Valcir Soares (PTB). O documento foi aprovado por unanimidade na última quinta-feira e deverá ser encaminhado ao prefeito Humberto Souto.
O parlamentar pede explicações sobre o concurso público homologado em 2017, mas cujo chamamento dos aprovados para o cargo de auditor público está sendo constantemente adiado.
Atualmente, 12 funcionários exercem a função no município, mas a legislação prevê o mínimo de 20.
O concurso, realizado em 2016, abriu oito vagas para o setor e os aprovados tinham a expectativa de serem imediatamente chamados, em razão da necessidade desse profissional.
ESPERA
O vereador tomou a iniciativa depois de ser procurado por uma das aprovadas no concurso. “Foram meses de dedicação e ritmo intenso de estudos. Nos preparamos para desempenhar as funções que o cargo exige e até agora não há nenhuma sinalização de que seremos chamados”, diz Rosane de Jesus Fiuza e Peres, servidora municipal que aguarda ansiosa para assumir a nova função.
Rosane afirma que enquanto outras categorias foram chamadas, a de auditor é desprezada. O receio é a de que o prefeito prorrogue o prazo do concurso por mais dois anos.
“A tributação municipal é muito importante para ser feita por um grupo reduzido de pessoas. O prefeito não está preocupado com o principal, que é a saúde financeira do município. O serviço é interno, técnico e especializado. A prefeitura depende dos auditores para mover, crescer e ter recursos para administrar a cidade”, declara.
A servidora diz que um grupo de pessoas chegou a procurar o então secretário de Administração e Finanças, Coriolando Ribeiro (Cori), que alegou não haver espaço físico para abrigar os concursados.
“Se houve o concurso é porque há a necessidade. Então, porque fariam? Montes Claros precisa desse profissional e o número hoje é insuficiente”.
Jose Santos é servidora da Justiça Federal em Araçuaí e fez o concurso motivada pela vontade de voltar a morar na cidade para ficar perto da família. Entretanto, a demora frustrou o sonho e causou estranhamento.
“Isso já deveria ter acontecido. Os oito primeiros colocados assumiriam de imediato, tendo em vista o caráter de urgência, necessidade e a importância desse cargo para a gestão. É um cargo de nível superior e a administração tende a ganhar, pois torna os trabalhos mais céleres. Há a previsão orçamentária em edital. O atual prefeito mostra descaso com a questão”, declara Jose, que ficou em 5º lugar no concurso e estuda a possibilidade de entrar na Justiça.
SALÁRIOS
Há informações de que funcionários estariam sendo remanejados e recebendo gratificações para exercer a função. O motivo seria economia de gastos, pois o salário do auditor de tributos é o maior, atrás apenas do secretariado, em torno de R$ 7,5 mil.
Valcir Soares entende que não há mais justificativa para os aprovados não serem chamados. “Todos estão ansiosos. Tem pessoas desempregadas aguardando a vaga.