Valcir Soares diz estar cansado de promessas politiqueiras

Jornal O Norte
08/11/2005 às 11:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:54

Eduardo Brasil


Repórter


eduardo@onorte.net

Ouvido por O Norte na tarde de ontem, véspera da missa de sétimo dia em sufrágio da alma de Sérgio Renato Silva, assassinado com cinco tiros, o vereador Valcir Soares - PTB não escondeu seu misto de tristeza e revolta pelo trágico acontecimento que vitimou seu amigo e assessor de gabinete.

- Fico imensamente triste. Sérgio era uma pessoa responsável e querida por todos nós. Um trabalhador. E revoltado pela violência e pela criminalidade em Montes Claros que ninguém consegue conter - disse ele.

Valcir lamenta que os debates que a sociedade vem travando nos últimos meses em busca da segurança que o Estado deveria garantir aos cidadãos tenham sido inócuos, até agora, pela indiferença e incompetência das autoridades governamentais. Ele cita iniciativas da própria câmara municipal que, além de promover discussões atinentes ao combate ao crime, recorreu pessoalmente aos governos estadual e federal buscando recursos para garantir a segurança do cidadão. Em vão.

- Estou cansado de ser enganado. As autoridades, os políticos, enfim, grande parte deles, não cumprem com a palavra empenhada. Estou cansado dessa falação. Fizeram à câmara as mesmas promessas politiqueiras que fazem ao povo. Prometeram mundos e fundos.

Enquanto as promessas caem no esquecimento, segundo o vereador, as pessoas de bem continuam sendo assassinadas e os seus assassinos mantidos impunes.

- O exemplo está aí - disse, observando que o menor que matou Sérgio, I.L.M.S., é o mesmo que anos atrás assassinou Armando Ataíde, tio do ex-prefeito Jairo Ataíde.




Valcir Soares lamenta sucessão de debates contra o aumento


da criminalidade sem resultados práticos: - A gente só ouve falação


(Foto: Fábio Marçal)

LIBERDADE PARA MATAR

Beneficiado pela lei do Estatuto do menor e do adolescente, I.L.M.S., após assassinar friamente a sua primeira vítima, ficou em liberdade e voltou a matar. Uma carreira criminosa que, segundo Valcir, não deverá ser interrompida por causa do novo delito.

- Não será por conta desse segundo homicídio que sua carreira criminosa, e defendida pelo Estado, terminará. Ele só completará 18 anos em 2006. Ou seja, até lá, pode continuar matando impunemente. Mata hoje, é apreendido e, amanhã, colocado em liberdade para voltar a matar. É um direito que ele tem, de matar e ficar impune - protestou.

O vereador também demonstra ceticismo quanto à vitória do bem contra o mal, caso as medidas de segurança pública pleiteadas insistentemente não sejam efetivadas na proporção exigida.

- O governo e os seus políticos deveriam cumprir com sua palavra. Até agora o que fizeram foi nos enganar com promessas que nunca são colocadas em prática, ou são colocadas de forma paliativa.

Para ele, enquanto as promessas fluem nos discursos politiqueiros, a exemplo do que proferido, aqui, pelo governador Aécio Neves, ainda no início do ano, quando prometeu socorrer a polícia no combate ao crime banalizado, a cidade se vê, a cada dia, mais sitiada pelos bandidos, tornando-se refém de assaltos, estupros, assassinatos.

MEDO DAS RUAS

Valcir Soares confessa que tem evitado sair às ruas. Ele não esconde que vive sob constante clima de tensão quando precisa visitar algumas regiões da cidade para atender aos pedidos dos seus eleitores.

- Dá medo sair às ruas da cidade, seja em que horário for, de dia ou à noite - acrescentou.

Segundo Valcir, os bandidos, que já não se contentam mais em apenas assaltar - eles agora querem matar, tirar a vida das pessoas sem mais nem menos agem de forma escandalosa, ante a impotência da polícia militar.Ele aponta o crescimento de crianças e adolescentes atuando no submundo do crime a mando de marginais maiores de idade.

- Na região onde moro (bairro São Geraldo), por exemplo, existem inúmeras quadrilhas de menores comandadas por maiores. A maioria deles anda armada, a exemplo de I.L.M.S., que também mora na região. É preciso que as autoridades façam alguma coisa. Nós, cidadãos, pagamos impostos, trabalhamos honestamente para isso e temos direito à nossa integridade física. O Estado não pode continuar negando-nos esse direito constitucional.

PORTA-VOZ DA TRAGÉDIA

O vereador conclui frisando que o assassinato de Sérgio Silva jamais será apagado de sua mente.

- Primeiro, porque ele era um grande companheiro e, depois, porque me coube procurar a sua mãe, Dona Canuta, para transmitir a trágica notícia. Nada pior do que você ser o portador de uma desgraça causada pela insensibilidade daqueles que nos governam. Nada pior do que você assistir ao desespero de uma mãe que perde seu único filho pelas mãos de bandidos. Bandidos que estão tomando por hábito matar gente inocente e que deveriam estar na cadeia. Resta esperar pela Justiça Divina.

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