Servidor teme ser prejudicado com não punição a prefeitos

Assembleia propõe sanções mais brandas pelo TCU e MP às prefeituras que não cumprirem lei

Márcia Vieira
05/11/2019 às 06:15.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:33
 (LUCAS PRATES/HOJE EM DIA)

(LUCAS PRATES/HOJE EM DIA)

Audiência Pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) propôs medidas mais brandas, pelos órgãos de controle, para evitar sanções impostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público do Estado (MPMG) às prefeituras que descumprirem a legislação fiscal. 

O alerta foi ligado a partir de uma declaração do vice-governador Paulo Brant, dando conta de que os cofres do Estado poderiam não ter recurso suficiente para cumprir acordo feito entre a Associação Mineira de Municípios (AMM) e o governador Romeu Zema (Novo), de pagamento dos repasses retidos pelo então governador Fernando Pimentel (PT). 

O presidente da AMM, Julvan Lacerda, descartou a quebra do acordo e declarou que confia no governo. O pagamento, em 33 parcelas, está previsto para ter início em fevereiro de 2020. “Fizemos o acordo com pessoas sérias e responsáveis, dentro do que o Estado tem condição de honrar. O motivo dessa audiência é chamar a atenção dos órgãos de controle para que tenham uma análise mais ponderada. Quando houve a retenção, frustrou a expectativa dos municípios, que já tinham orçamento aprovado pelo Legislativo. Com isso, muitos prefeitos não tiveram condição de cumprir os índices constitucionais em setores como saúde, educação e folha de pagamento”, disse. 

A AMM destacou que algumas prefeituras fizeram opção de pagar o 13° parcelado, com a primeira parte no meio do ano, mas ainda não tem balanço de quantas prefeituras teriam feito isso. O presidente ressaltou que, com a medida, “não queremos (AMM) proteger gestores irresponsáveis, mas também não queremos que um gestor responda por atos de gestão que acontecerem por imposição externa do Estado”. 
 
SALÁRIOS
O que pode ser um alívio para os prefeitos traz insegurança aos servidores dos municípios, já que muitos deles tiveram salários atrasados. Exemplo disso ocorreu em Montes Claros, em 2018, quando o prefeito Humberto Souto deixou de pagar os salários dos professores, alegando não ter recebido do Estado. Na ocasião, professores recorreram às vias judiciais e ao TCE.

A vice-presidente do Sindicato dos Professores (Sind-Educamoc), Juliana Miranda, não acredita que a situação do ano passado vá se repetir, entretanto, acha que uma flexibilidade nos órgãos de fiscalização e controle possa prejudicar os servidores. 

“Não existe nenhum órgão do Estado que defenda ou obrigue que nossos direitos sejam mantidos. Isso gera insegurança e indignação. Quando a gente tem atraso salarial, não tem a quem recorrer. Na iniciativa privada, quando o empregador deixa de pagar, é punido. E o funcionário recebe multa ou juros por atraso de salário. Nós ficamos até sem o 13º, e, quando pagam, é depois do prazo. No meu entendimento, os órgãos de fiscalização não têm sido tão responsáveis em relação aos gestores”, argumenta a professora.

SAIBA MAIS
“O TCE está prestando seu papel, em termos de orientação, e dando apoio na questão que envolve a queda de receitas. No site tem o projeto de receitas municipais para aprimorar a arrecadação fazendária e compensar as perdas. Não estamos incentivando o aumento de tributos. Na hora de emitir um parecer prévio de rejeição sobre a prestação de contas, o tribunal irá pautar-se pela razoabilidade e proporcionalidade. Vamos receber os dados e questionar por que o prefeito não cumpriu”, pontuou o diretor-geral do TCE, Marcone Braga.

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