Servidor municipal sem ganho real

Reajuste de 4,57% só acompanha inflação, diz sindicato; recomposição deveria ter acontecido em março

Márcia Vieira
23/05/2019 às 05:51.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:46
 (MANOEL FREITAS/ DIVULGAÇÃO)

(MANOEL FREITAS/ DIVULGAÇÃO)

O anúncio do reajuste salarial dos servidores municipais de Montes Claros desagradou a categoria. Além da demora – o aumento era esperado para março –, o índice de 4,57% definido pelo prefeito Humberto Souto ficou aquém do esperado pelos trabalhadores.

Os vereadores aprovaram o projeto de lei que permite o reajuste em meio a ressalvas. Alguns chegaram a dizer “melhor isso do que nada”.

Para Wílton Dias (PHS), que também é servidor público e se absteve de votar por questões regimentais, o correto não é falar em aumento salarial, mas sim em “correção”, já que o índice apenas acompanharia a inflação.

“Quem escolhe ser servidor público se prepara para isso. É uma escolha servir ao povo. Não estou aqui legislando em causa própria, mas concordo que essa recomposição está bem abaixo do que eles (servidores) merecem”, disse Wílton.

O vereador Daniel Dias (PCdoB) destacou que a situação não promove um ganho real.

“Não existe ganho. A folha foi reduzida de 12 mil para 10 mil servidores sob a alegação de economia para valorizar o servidor, mas a gente não vê essa melhoria. São necessárias melhoria salarial, plano de carreira e correção de injustiças porque o mandato do prefeito vai até o ano que vem e no próximo não poderá ser votada nenhuma concessão para o servidor público. Qualquer alteração tem que ser mandada em 2019 para esta casa”, disse.
 
SEM DISCUSSÃO
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município, Flávio Célio Oliva, disse que o projeto não atende aos servidores e que o prefeito se recusa a dialogar com a categoria.

“Há três anos estamos lutando pela valorização do servidor. A gente vem tentando uma reunião com ele, mas não conseguimos ser recebidos pelo prefeito. Ele não gosta de conversar. Faz tudo da própria cabeça, sem dar oportunidade de diálogo”.

O sindicato questiona o fato de o projeto ter sido enviado à Câmara em uma semana e votado na seguinte.

“Ele (o prefeito) colocou a corda no pescoço dos vereadores. (O aumento) Está atrasado, porque a data-base é março, mas o ano passado foi neste mesmo período e o que esperávamos agora é que ao menos o índice fosse maior. O que era para ser motivo de alegria acabou virando frustração”.

A entidade aponta, além da defasagem salarial, a dificuldade de pagamento a determinados setores.

“Se as dívidas com os trabalhadores estivessem em dia, até que seria menor o problema, mas temos grupos de servidores, como os da Esurb, que não estão recebendo”, acrescentou Flávio.

O sindicato informou que na administração passada o projeto de reajuste foi enviado na data prevista, com propostas para 2015 e 2016, já que no último ano, por ser eleitoral, não poderia haver aumento.

“Foi assim para que o servidor não tivesse prejuízo. Houve um ganho maior que a inflação. O reajuste chegou a 10% e nós aplaudimos a reunião. Houve a valorização do servidor”.

Insatisfeitos, diretores do sindicato se reunirão na próxima semana para discutir alternativas para a situação.

Flávio Célio disse que já tentou por todas as vias negociar diretamente com o prefeito, mas nem a correspondência enviada ao gabinete teria recebido resposta.

A reportagem tentou contato com a assessoria do prefeito Humberto Souto, mas até o fechamento da edição não houve retorno.

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