Sem repasses, saúde barra Ipsemg

Clínicas, laboratórios e hospitais de Montes Claros suspendem convênio e prejudicam 27 mil servidores

Márcia Vieira
Montes Claros
27/07/2018 às 06:27.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:37
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Cerca de 27 mil servidores beneficiários do Instituto de Previdência do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) estão com dificuldades para conseguir atendimento médico em Montes Claros. Devido à falta de repasse de recursos do governo do Estado, a rede assistencial credenciada vem suspendendo os serviços há dois meses.

Várias clínicas e laboratórios já fecharam as portas para os servidores e dependentes e a Santa Casa também não atende mais pelo convênio. Apenas o Hospital das Clínicas Dr. Mário Ribeiro manteve o serviço.

“Essa é a pior fase. Já tivemos arrocho salarial em outros governos, mas pelo menos recebíamos em dia e conseguíamos um plano de saúde”, queixa-se o servidor aposentado Jesulino Farias.

Com a suspensão do plano do Ipsemg, ele e a esposa enfrentam situação delicada em função da urgência de um tratamento de saúde. 

“Consegui consultar com um cardiologista, mas pelos exames vou ter que pagar. Estou preocupado, porque os meus exames são complexos, os laboratórios não estão atendendo. Minha esposa, que é minha dependente, está na mesma situação”, conta. 
 
DESCONTO
Apesar de ter o serviço negado, o desconto na folha de pagamento de Jesulino é mensal. “Descontam quase 7% do meu salário. É um dinheiro que faz falta. Antes, fazíamos empréstimo consignado, mas os bancos também não querem emprestar mais, porque os nossos salários estão atrasados”.

Por meio da assessoria, o Ipsemg informou que 15 estabelecimentos, entre laboratórios, clínicas e hospitais da rede assistencial, comunicaram a suspensão dos serviços aos beneficiários.

A rede do município conta com 119 prestadores credenciados, entre consultórios médicos e odontológicos, clínicas, laboratórios e hospitais.

“O atendimento tem sido realizado apenas em casos de urgência e emergência”, afirma o diretor do laboratório Voumard, William Voumard.

Ele integra a Associação dos Laboratórios de Montes Claros (Assolab). No início do mês, 12 empresas que participam do grupo pararam de atender pelo Ipsemg. Eles formalizaram a decisão por meio de carta enviada à gerência regional do instituto em Montes Claros.

Voumard diz que está pagando para trabalhar. “Muitos dos exames que fazemos são terceirizados. Precisamos enviar para Belo Horizonte, por exemplo, e pagar por eles. Assim, gastamos com o pagamento aos terceiros e com o custo do nosso trabalho”. Ele afirma que, para cortar despesas, alguns laboratórios chegaram a dispensar pessoal.

“Estou doente e precisando com urgência fazer os exames. Fui a dois hospitais e não estavam atendendo. Mas descontaram mais de R$ 100 do meu salário. Isso faz falta para um pai de família”, desabafa o servidor público José Romildo.

De acordo com a assessoria do Ipsemg, “os pagamentos aos credenciados e fornecedores vêm sendo realizados à medida da disponibilidade financeira, obedecendo a cronograma e fluxo definidos em lei”.

A Santa Casa informou que não há previsão para o retorno do atendimento. O Hospital Aroldo Tourinho não informou sobre a situação até o fechamento da edição.

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