O inverno seco e quente, aliado à baixa umidade relativa do ar na região, costumam dar muito trabalho à equipe do 7º Batalhão de Bombeiros, sediado em Montes Claros. Tais condições no período de estiagem fazem pipocar ocorrências de queimadas e incêndios florestais. Neste ano, felizmente, os números são animadores.

Graças ao treinamento de policiais militares, parcerias com Ibama e Organizações Não Governamentais – como o Instituto Grande Sertão (IGS) e a Organização Vida Verde, que disponibilizaram equipamentos –, foram registradas até o momento 98 ocorrências, contra 246 do mesmo período do ano anterior.

A rede, que tem ainda a colaboração de voluntários, faz uso de seis drones para o monitoramento de várias áreas. Ao menor sinal de fumaça, é possível saber em tempo real se é queimada já controlada, incêndio em lote vago ou em floresta.

“Tudo isso traz ganho de tempo, eficiência e segurança para bombeiros e brigadistas”, diz o Major Darlan Moreira Soares, comandante do 7º BBM.

Foi após a coleta de informações geradas por drones do IGS e da Brigada 1, ONG de combate a incêndios florestais sediada em Belo Horizonte (com escritório também em MOC), que em 14 de setembro o Corpo de Bombeiros agiu rapidamente e em poucas horas conteve queimada na Serra do Mel, entre o bairro Ibituruna e o Parque do Sapucaia, que fazem limite com o Parque Estadual da Lapa Grande.

AGILIDADE
O apoio se dá também por meio das redes sociais, agilizando ainda mais o trabalho ao ajudar a determinar as melhores rotas de acesso até o local do incêndio.

“Pelo grupo de whatsApp possibilitamos uma ação rápida e eficiente do Corpo de Bombeiros”, salienta o ambientalista Eduardo Gomes, presidente do IGS, Organização Não-Governamental que teve forte atuação para debelar o incêndio que durou sete dias.

Em julho, no Parque do Sapucaia, a rede de voluntários impediu que a queimada tivesse maiores proporções.

ALERTA
Mesmo com o resultado positivo até o momento, o Major Darlan alerta que é necessário toda população ficar vigilante como forma de evitar que o ano termine com estatísticas semelhantes às do ano passado.

“Estamos no período mais crítico e o incêndio florestal ocorre o ano inteiro, o fogo não brinca não”.

De acordo com o comandante, uma das etapas de qualificação da equipe começou em 17 de setembro com o Curso de Prevenção e Combate à Incêndio Florestal, com término previsto para amanhã. Realizado no Parque da Lapa Grande, qualifica 27 bombeiros e dois militares do Corpo Aéreo.

“Ao final do treinamento todos terão uma visão mais técnica em relação à prevenção e combate ao incêndio florestal, bem como capacidade de multiplicar os conhecimentos para toda a tropa, porque nosso objetivo é treinar todo o efetivo”, argumenta o Major.

ESTRUTURA
O 7º Batalhão de Corpo de Bombeiros atende atualmente 80 municípios. Em Montes Claros, as ações de prevenção e combate a incêndios são coordenadas pelo 4º Comando Operacional do Corpo de Bombeiros, sediado na 11ª Região Integrada de Segurança Pública (Rispi), um dos seis comandos operacionais de Minas Gerais, que no Norte de Minas tem quatro pelotões – além de Montes Claros, Janaúba, Januária e Salinas.

O presidente do IGS chama atenção para o fato de que um leve descuido pode provocar desastres ambientais. “A grande maioria dos incêndios é causada pela ação humana, pela prática de hábitos desnecessários como a queima do lixo”, observa.

Ainda segundo o ambientalista, fagulha levada pelo vento pode causar um grande incêndio, por isso o cuidado deve ser redobrado. Nesse período do ano, lembra ele, ocorrem os acampamentos e os turistas acendem fogueiras. O especialista dá as dicas: remover as folhas secas e fazer um círculo com pedras ao redor do fogo para que a barreira impeça que o fogo atinja a vegetação.