Recorde de nomes, mas sem renovação

Número de candidatos mineiros no pleito deste ano é 14% maior que em 2014, mas 90% deverão ser reeleitos

Lucas Simões
Montes Claros
17/08/2018 às 06:34.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:58

Nem mesmo o número recorde de candidatos em Minas nas eleições deste ano será suficiente para garantir uma renovação das casas legislativas, segundo analistas políticos. Com 2.217 registros feitos no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), 14% a mais do que na última eleição majoritária, em 2014, quando 1.943 candidatos concorreram, as eleições de 2018 deverão reeleger cerca de 90% dos deputados estaduais e federais que já cumprem legislatura. Já a disputa pelo governo do Estado tende a ser polarizada entre PT e PSDB, apesar de nove candidatos concorrerem ao Palácio da Liberdade.

Vale ressaltar que as estatísticas ainda podem mudar, pois apenas no dia 20 de agosto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgará o resultado fechado das candidaturas, que podem ser deferidas ou não.

Para a ALMG, são 1.305 postulantes a uma vaga. Porém, apenas seis dos 77 atuais parlamentares da Casa não vão tentar a reeleição. Entre eles, nomes fortes como Cabo Júlio (MDB), que está preso no Corpo de Bombeiros, condenado no esquema da Máfia dos Sanguessugas; Rogério Corrêa (PT), que vai deixar a Assembleia para concorrer à Câmara Federal; e Paulo Guedes (PT), indicado pelo partido para concorrer na segunda vaga ao Senado.

Apesar de o PT ter registrado Jorge Luna como postulante ao Senado, ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, ontem o partido decidiu trocar a indicação por Guedes. Entretanto, o deputado federal Miguel Corrêa (PT) anunciou que vai à Justiça contra a troca, anunciando um racha na cúpula petista. Corrêa sustenta que apenas ele e Dilma colocaram seus nomes à disposição para a vaga na convenção petista, realizada no dia 5 de agosto. Até o fechamento desta edição, o PT ainda não havia oficializado a troca das candidaturas no TRE-MG. 
 
CÂMARA 
Na Câmara Federal, 849 candidatos disputam uma vaga por Minas. Mas apenas dez dos 53 atuais deputados não irão tentar a reeleição, a exemplo de Bonifácio de Andrada (MDB), que aos 88 anos deve deixar a vida pública, e Rodrigo Pacheco (DEM), que abandonou a disputa pelo governo para compor a chapa de Antonio Anastasia (PSDB) ao Senado.

Para o advogado Luciano Santos, especialista em direito e reforma eleitoral, o fato de a maioria dos atuais deputados tentar a reeleição vai barrar a ascensão de novatos.

“Devemos ter 90% dos deputados atuais reeleitos. Primeiro porque os candidatos com mandatos têm preferência na distribuição do dinheiro que sustenta as campanhas e também no tempo de TV. Só 2% do dinheiro é distribuído igualmente entre as legendas, enquanto 98% vão para legendas maiores. Além disso, fazendo as coligações, teremos novamente o efeito de puxadores de voto, que favorecem partidos grandes. Para alguém de fora dessa bolha ser eleito, tem que ter uma base de eleitorado muito bem construída”, diz Luciano.

O advogado Mauro Bonfim, especialista em direito eleitoral, avalia que o tempo de TV e rádio, distribuído proporcionalmente para partidos que montam coligações maiores, dificulta a projeção de novos candidatos. “É praticamente impossível vencer sem coligação. E, infelizmente, esse modelo favorece partidos grandes, ou seja, um ou dois candidatos que reúnem partidos menores e falam para mais pessoas na TV”, diz Mauro.

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