Prefeitura tem verba em caixa, mas não paga professor

Município teve superávit de quase R$ 100 milhões nos últimos quatro meses de 2018, revela prestação de contas

Márcia Vieira
28/02/2019 às 06:24.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:45
 (MÁRCIA VIEIRA)

(MÁRCIA VIEIRA)

Quase R$ 100 milhões. Esse é o saldo das contas da Prefeitura de Montes Claros ao final dos últimos quatro meses de 2018. O valor é a diferença entre a receita de R$ 731 milhões e a despesa liquidada de R$ 633 milhões no período. Ou seja, há dinheiro em caixa, o que derruba o argumento do prefeito Humberto Souto para não pagar o salário de dezembro dos servidores municipais de ensino.

A prestação de contas realizada ontem, na Câmara de Vereadores, pelo secretário Municipal de Finanças, Wíllian César Rocha, foi acompanhada pelo Sindicato dos Servidores da Educação (Sindi-Educamoc), cujos integrantes se mostraram mais uma vez indignados com a falta de sensibilidade e de respeito do prefeito com a categoria.

“A prestação só confirmou o que já sabíamos. A prefeitura tem dinheiro e não paga porque não quer. Os repasses que eles alegam não ter recebido para a educação, também não foram feitos para a saúde, mas em nenhum momento houve atraso no salário dos funcionários do setor. É um descaso muito grande por parte do prefeito com a educação”, declarou a vice-presidente do Sindi-Educamoc, Juliana Miranda.

Os parlamentares esperavam a presença do prefeito e, mas mais uma vez, ele não compareceu.
 
OBRAS 
O secretário e a equipe técnica apresentaram os dados que demonstraram que o município arrecadou R$ 413 milhões a menos que o esperado. Mesmo assim, registrou superávit nas contas.

Apesar disso, o secretário ressaltou que o dinheiro já estaria comprometido para obras e licitações. “Muitas obras já foram licitadas e há um comprometimento em relação a isso. Acho que todo mundo aqui, por exemplo, tem a expectativa de que a Vicente Guimarães seja recuperada, que surjam obras como Vargem Grande, Bicano e outras”, enumerou.

“Com relação à questão pontual do Fundeb, não podemos fechar os olhos e esquecer que ele (prefeito) não pode abrir mão deste recurso porque há compromisso firmado”, disse Wíllian César, que provocou a revolta das professoras ao acrescentar que “hoje não há nenhum credor batendo na porta da prefeitura querendo receber”.

Em dado momento, o gestor da pasta se referiu à cidade como “parasita”, fazendo alusão à autonomia financeira que disse não existir em Montes Claros. “A inadimplência nossa é escandalosa. Falta uma discussão transparente na sociedade”.

A O NORTE, o secretário atribuiu a situação atual do “calote na educação” – como o episódio é chamado na cidade – ao governo de Minas. “É curioso que eu não vejo ninguém fazer este questionamento ao governo do Estado. O prefeito tem feito uma administração que não encontra paralelo no Brasil”. 
 
DE LADO
A vice-presidente do Sindi-Educamoc, Juliana Miranda, corroborou a fala do secretário dizendo que, de fato, não há administração como a do prefeito Humberto Souto, “que deixa a educação de lado e investe em obras que não são emergenciais”.

A professora disse que são pouco mais de 2 mil profissionais do setor que estão sem receber os salários e rescisões e que R$ 8 milhões seriam suficientes para quitar a folha.

O sindicato aguarda a audiência de conciliação entre professores e o Executivo, que será realizada na tarde de hoje, para definir a situação.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por