Prefeito sem apoio na ‘greve’ municipal

Souto paralisa serviços contra atraso de verbas do Estado, mas medida desagrada população e sindicatos

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
28/08/2018 às 05:30.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:08
 (DIVULGAÇÃO)

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Quem esteve na Prefeitura de Montes Claros nesta segunda-feira encontrou as portas fechadas. O motivo foi uma paralisação de última hora decidida e anunciada pelo prefeito Humberto Souto em propaganda paga, sem consultar os sindicatos que representam os servidores públicos.

“Tudo na prefeitura é muito demorado, tem filas enormes e a gente ainda começa a segunda-feira com a prefeitura fechada? Isso é falta de respeito com o cidadão. Nós temos que trabalhar todos os dias pra pagar as contas e eles escolhem a hora de atender”, reclamou a prestadora de serviços V. N. que precisou de atendimento na Secretaria de Fazenda e se deparou com o órgão fechado.

O prefeito alegou que a paralisação é um protesto pela falta de repasse do governo do Estado. O dinheiro seria utilizado para pagamento dos professores. Entretanto, em diversas entrevistas Souto já declarou que o município tem verba em caixa e que não depende de recurso extra para funcionar.

Esse seria um dos motivos pelo qual o município não aderiu ao movimento dos prefeitos mineiros no último dia 21, quando 500 gestores foram a Belo Horizonte e participaram de uma carreata pela liberação das verbas retidas.
 
DESRESPEITO
Faixas atribuindo a responsabilidade ao governo foram confeccionadas e colocadas na frente da prefeitura. Também no local foi colocado um pano preto simbolizando “luto”.

“Desrespeito total. Como patriota sinto profunda tristeza ao ver que no lugar do símbolo máximo do país foi colocado um pano preto. Alguém pode orientar o Executivo a corrigir esse erro? Estão cometendo crime”, disse um servidor da Câmara Municipal.
 
DISCORDANTES
Sem concordar com a decisão da prefeitura, diversos sindicatos emitiram nota de repúdio à paralisação, que consideram “eleitoreira” e contraditória, já que o município afirma que tem recursos em caixa e, ainda assim, não executa serviços.

“Por que ele não nos chamou para discutir a perda dos direitos trabalhistas? Agora nos chama para apoiar essa paralisação? O Sinpro jamais vai apoiar a prefeitura. É hipocrisia do prefeito. A atitude é simplesmente política. Esse governo não é do povo. Ele tem é que limpar a cidade que está suja, feia e cheia de buracos”, disse a professora Nalbar Rocha, diretora do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro - MG), com base regional em Montes Claros e com cerca de 6 mil associados.

Nalbar acrescentou que hoje, às 18h, o sindicato tem reunião marcada para definir sobre uma possível resposta ao prefeito.

O presidente do Sindicato dos Servidores do Município, Flávio Célio Oliva, disse que o município conta com cerca de 9,5 mil servidores, dos quais a maioria, aproximadamente 5 mil, é de contratados. Para ele, a medida afeta como um todo os trabalhadores, pois a prefeitura não deve ser utilizada para fins políticos.

“A norma é que nós, servidores, devemos rechaçar com veemência o uso da prefeitura e dos seus serviços para fins de campanha eleitoral. Seja a favor ou contra quaisquer candidatos ou partidos políticos”, diz trecho da nota emitida pelo sindicato.

A reportagem tentou contato com os secretários de Educação e de Finanças, Benedito Said e Coriolando Ribeiro, respectivamente, mas as ligações não foram atendidas.

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