Novo prefeito terá que reestruturar educação em MOC

Professores e pais de alunos denunciam falta de estrutura e de valorização do profissional

Márcia Vieira
O NORTE
12/11/2020 às 01:32.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:01
 (Arte HD)

(Arte HD)

Um dos grandes desafios do próximo gestor municipal é sanar as deficiências do setor educacional de Montes Claros, que vão desde a diminuição da oferta de vagas na educação infantil à baixa qualidade do ensino. Situação que ficou ainda mais explícita com as mudanças impostas pela pandemia.

Na contramão das ações do Estado, que tem trabalhado para propiciar um ensino qualificado, promovendo ações e iniciativas de inclusão e manutenção de crianças e jovens nas salas de aula, o município não superou as limitações e impôs retrocessos.

Dentre eles, estão o fim da Educação de Tempo Integral, diminuição da oferta de vagas no ensino infantil e defasagem salarial dos professores e demais servidores da área.

A estrutura das escolas da zona rural, como O NORTE já mostrou em outras edições, virou alvo de reclamação dos moradores, que temem manter os filhos em espaços precários, colocando a vida deles em risco.

As estradas com pontes interditadas e sem reformas dificultam o acesso do transporte escolar e, por várias vezes, o tema foi levado à tribuna da Câmara por parlamentares a pedido de moradores.

“A pandemia não criou, apenas revelou as dificuldades”, afirma a presidente do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sind-Educamoc), Juliana Miranda. Para ela, a valorização da categoria passa, inicialmente, pelo Plano de Carreira que não foi regulamentado. Dentre as fragilidades apontadas por Juliana, estão a ausência de concurso público para a Educação, de auxílio alimentação e de plano de saúde.

Com a regulamentação do Plano de Carreira, o profissional passa a ter garantias e manter, por exemplo, a progressão de carreira no caso de um eventual afastamento. 
 
SALÁRIOS
A remuneração dos profissionais da educação está distante de ser o ideal e é questionada pela maioria deles. Uma professora do município deu como exemplo os últimos reajustes que ficaram aquém do esperado.

Em quatro anos de mandato, a administração concedeu menos de 1% de reajuste, de acordo com índices oficiais de inflação pelo IPCA. Em janeiro de 2017, o salário-base de um professor era de R$ 1.957,97. Descontado o valor da previdência, o valor líquido caía para R$ 1.719,21. Em 2020, com os chamados reajustes, o salário base é de R$ 2.277,21. Descontado o valor da previdência, o valor líquido é de R$ 1.886,35.

Os profissionais alegam que, com o fechamento das escolas em função da pandemia, muitos tiveram que investir parte do salário em internet e material para garantir o ensino remoto. O município não ofereceu auxílio no atendimento das demandas.

“Enquanto o piso nacional teve um reajuste de 12%, no município a valorização não aconteceu. O nosso reajuste este ano foi de 3% e, ao mesmo tempo, foram retirados 3% devido à reforma da previdência e aprovação do projeto que aumentou o desconto na folha. Isso representa uma grande defasagem salarial. Não tem valorização. Em quatro anos, recebemos R$ 167,14 de aumento. É uma situação indigna”, disse G.M.

 
FALTA DE ESTRUTURA
E. S., mãe de aluna da rede municipal, destaca que “muita coisa tem que ser melhorada. É preciso adaptar os prédios no caso da educação inclusiva. Colocar rampa para cadeirantes, mais equipamentos nas aulas de educação física, área de lazer para as crianças e, principalmente, devolver os porteiros às escolas, porque isso faz muita falta”.

A merenda escolar também é alvo de críticas. “Precisa melhorar e diversificar. Muitos alunos não têm o que comer em casa e precisam se alimentar na escola”, acrescenta E.S., pontuando que a qualidade da alimentação reflete no desempenho do aluno.

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