Norte-mineiros debatem o cinema

Participação feminina no audiovisual é discutida na Comissão de Cultura da Câmara Federal

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
06/09/2018 às 05:52.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:18
 (DIVULGAÇÃO)

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A sétima arte entrou na pauta de discussões da Câmara Federal nesta semana. A partir do requerimento n° 156/2018, da deputada Raquel Muniz, foi realizada audiência pública com o tema “As mulheres e a Economia do Audiovisual”. 

Para Raquel, o debate é importante, pois a Comissão trata de sugestões de políticas públicas para o setor. “Ainda somos uma comissão muito nova, mas temos a preocupação de mostrar a importância de se ter um recurso próprio para gerir o nosso patrimônio. Aqui somos responsáveis pela transformação e criação de leis, originadas a partir dos nossos costumes e da nossa cultura”, disse Raquel.

Elpídio Rocha Neto, estudioso do cinema e coordenador do curso de jornalismo das Faculdades Unidas do Norte de Minas (Funorte), ressalta que o crescimento das mulheres no audiovisual começou a partir dos movimentos feministas dos anos 60, mas considera que elas ainda estão distantes do comando.

“A presença feminina está sempre lá, mas de uma maneira objetificada. Basicamente as mulheres são estrelas, atraem, ajudam a vender, mas as pesquisas comprovam que as diretoras e roteiristas sempre estão abaixo da quantidade de homens. Nos momentos mais representativos do cinema brasileiro, só vamos conseguir lembrar nome de homens. Onde estão as mulheres?“, questiona Elpídio.

A cineasta e produtora Vânia Cattani, da Bananeira Filmes, se firmou como um dos nomes da sétima arte no país. Na estrada há 20 anos, Vânia argumentou que houve um crescimento do setor e que se orgulha de ter participado destas mudanças.

“Eu louvo muito o que está acontecendo. Sou testemunha desta evolução, mas tenho medo que as políticas públicas acabem e preciso defender isso”, disse.

Nascida em Montes Claros, Vânia acredita que a vocação cultural da cidade contribuiu para a sua trajetória, mas pensa numa nova realidade para dar possibilidades às centenas de pessoas que enxergam nela uma referência.

“Acho um luxo poder dizer que faço cinema brasileiro, mas Montes Claros é uma cidade com quase 500 mil habitantes e não tem uma escola de cinema. A única solução que vejo é formar pessoas para isso. O dia em que as pessoas puderem contar suas próprias histórias, sejam mulheres, índios, negros, de diferentes pontos e diferentes classe sociais, vamos ter um cinema mais diverso e interessante”, pontuou a cineasta, que passa a ser a primeira produtora da América Latina a compor o quadro de votantes no Oscar, maior premiação do cinema mundial.

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