Fogos de artifício podem ser proibidos em Montes Claros

Vereador aposta na proibição para combater a poluição sonora, que maltrata pessoas e bichos

Márcia Vieira
23/08/2019 às 07:19.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:07
 (ARQUIVO PESSOAL)

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Os fogos de artifício podem estar com os dias contados em Montes Claros, caso seja aprovado um projeto de lei do vereador Fábio Neves (PRB), que proíbe o uso dos artefatos. De acordo com o documento, “fica proibido o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos, bem como quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso, em todo o território do município de Montes Claros”. Estão isentos da proibição os chamados “fogos de vista”, que produzem apenas efeito visual, sem estampidos ou ruídos de baixa intensidade. 

O vereador disse que a demanda de pessoas prejudicadas com os fogos é alta e foi pensando nelas que tomou a iniciativa, já adotada em outras cidades, como São Paulo.

“Esse projeto regulamenta a poluição sonora. Os autistas, por exemplo, são os que mais sofrem com a poluição sonora causada pelos estampidos. Muitos municípios já aderiram a essa política, inclusive, algumas paróquias”, explicou o vereador.

Rawielle Amaral é mãe dos trigêmeos Mateus, Pedro e Paulo, de 7 anos, todos autistas. Os dois primeiros são mais resistentes, mas Paulo tem hipersensibilidade auditiva e sofre especialmente no período de festas juninas. A mãe apoia a iniciativa do vereador e ressalta que é muito importante trazer à baila esse tipo de situação.

“Estudos apontam que de 30% a 90% das pessoas com autismo ignoram os sons ou reagem exageradamente a eles. É o caso de um dos meus filhos, que tem sobrecarga sensorial. É um tormento muito grande para ele. Quando chega o meio do ano, já me preocupo. Ele fica muito irritado, entra em desespero e reclama de dor de cabeça”, conta Rawielle, que diz utilizar fones para minimizar o problema, mas sem o efeito desejado.
 
ANIMAIS
O autor do projeto declara que, além dos humanos, principalmente idosos e especiais, os animais são prejudicados com o excesso de ruído. “Muitos deles chegam a sangrar e agonizar, quando são expostos ao barulho”, fala Fábio Neves.
 
OUTRO LADO
A comerciante Carla Custódio comercializa fogos em seu estabelecimento, porém, revela que não é o seu produto principal.

“Depois que perdemos um familiar em razão de acidente com o artefato, diminuímos a comercialização. No nosso caso, não afetaria muito”, afirma.

Por outro lado, Élcio Silva trabalha exclusivamente com o produto e se preocupa com o impacto que o PL pode causar.

“Tenho muita gente que trabalha comigo, tenho shows contratados e isso pode trazer prejuízo. Tem que se buscar uma alternativa, para nenhum lado sair prejudicado”, sugere. 

Bichos com ouvido frágil
Quem tem animais de estimação, como cachorros, em especial, sabe o quanto eles sofrem com o estampido dos fogos de artifício.

Há casos de cães que sofrem verdadeiros ataques por causa do barulho excessivo vindo dos fogos.

O veterinário Daniel Lopes Ribeiro explica que, por terem ouvido mais sensível, caninos e equinos são mais susceptíveis a esse tipo de sofrimento.

“O barulho pode desencadear medo, distúrbios de comportamento, agressividade, perda de apetite, quadros convulsivos e outras alterações, capazes de levar a patologias de maior gravidade”, alerta o veterinário. 

Daniel Ribeiro recomenda que, não sendo possível poupar o animal desses barulhos, o tutor deve estar ao seu lado, para minimizar o estresse e o medo.

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