Eduardo Brasil
Repórter
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Aristóteles Mendes Ruas, ex-vereador por três mandatos - o primeiro deles ainda na década de 1970 quando concorreu pela extinta Arena (que viria a se transformar no atual PFL) - pretende de volta a vida parlamentar e, desta vez, ocupando uma cadeira na assembléia do estado com um único propósito: o de ajudar na moralização da decadente política brasileira, atitude que, na sua opinião, o torna diferente dos demais concorrentes que como ele deverão disputar as urnas de outubro de 2006.
Aristóteles anuncia candidatura para que tenhamos de fato
representantes comprometidos com os montes-clarenses
(Foto: Adriano Madureira)
- A minha candidatura será independente, transparente, e terá um diferencial: será isenta de qualquer comprometimento com a corrupção. Não estará atrelada a interesses deste ou daquele grupo político - diz ele.
Aristóteles, que responde pela secretaria do diretório municipal do PFL - ele pretende concorrer à sua presidência nas eleições de março do ano que vem - ressalta que a decisão de tentar novo cargo eletivo atende a seguidos apelos que tem recebido de companheiros e, sobretudo, do presidente da legenda em Minas Gerais, deputado federal e ex-ministro dos Transportes, Eliseu Resende.
- Ele me convidou para ser o candidato de Montes Claros, como seu representante dentro do programa de revitalização da sigla nas maiores cidades de Minas. Aceitei - acrescenta.
TUDO POR MOC
De acordo com o ex-presidente da câmara municipal, sua candidatura será inteiramente vinculada a Montes Claros. Segundo ele, o município, que conta com mais de duzentos mil eleitores careceria de uma representação que de fato faça valer o seu peso político que sustenta no contexto do estado.
- Precisamos valorizar esse contingente eleitoral. Montes Claros tem condições de eleger até cinco deputados estaduais e essas representações devem estar à altura das aspirações do povo.
No momento, segundo Aristóteles, os políticos que representam Montes Claros não cumprem suas obrigações para com o município, levando benefícios que poderiam aportar por aqui para outras cidades.
- Não vejo isso ocorrer, uma união em torno de nossos interesses que nos tragam os benefícios necessários. Nossas forças políticas, que têm aqui o seu domicílio eleitoral se dividem entre os vários municípios da região onde buscam votos e isso acaba prejudicando nosso próprio desenvolvimento. Minha candidatura será totalmente vinculada aos interesses dos montes-clarenses - afirma.
- O povo já percebeu esta falha e está ansioso por mudanças. Por novos políticos que possam representá-lo com responsabilidade e interesse comunitário, acima dos interesses pessoais.
REORGANIZAÇÃO
Aristóteles Mendes Ruas concorda que o PFL precisa passar por uma revitalização. Observa que a legenda tem perdido espaço político por conta de uma desestruturação que vem sendo promovida ao longo dos últimos anos, apesar de ter alcançado um desempenho considerável nas eleições de 2004, ao conseguir mais de 24 mil votos e eleger dois de seus membros para o legislativo municipal.
- Por isso mesmo concorrerei à presidência do diretório municipal. Para levar adiante o programa de revitalização do PFL em Montes Claros.
Ele lembra que apesar das dificuldades de estrutura que a legenda enfrenta, tendo perdido até mesmo a sua representação no legislativo municipal, o PFL é ainda um dos principais partidos do país.
- Aqui mesmo, em Montes Claros, o PFL obteve desempenho excepcional nas eleições do ano passado, chegando a fazer uma bancada com dois vereadores (Ademar Bicalho e Rosemberg Medeiros) na câmara municipal que, infelizmente, não estão mais nas nossas fileiras. Mas essa debandada não foi causada somente pela desorganização partidária, mas pela infidelidade e pelos casuísmos que marcam a política de varejo que se pratica em Montes Claros.
Aristóteles entende que os dois vereadores saíram do PFL para ocuparem espaço maior na administração municipal, já que o partido que hoje integram (PTB) apóia o atual governo e que eles não quiseram mais carregar o estigma de Jairo, que faz oposição a Athos Avelino.
- São os jairistas que se tornaram athistas. Tudo convenientemente. Apesar de serem pessoas introvertidas, Jairo e Athos guardam enormes diferenças na hora de administrar. Jairo pensava - e pensa macro, enquanto o atual prefeito se encarregaria de realizar uma política de varejo. E isso acaba aproximando alguns vereadores. Isso atrai - completa.
SOBREVIVÊNCIA
Ainda de acordo com Aristóteles, a atitude dos ex-companheiros pode ser explicada pela necessidade que eles têm de sobreviver.
- O vereador tem de sobreviver junto ao eleitor e precisa do respaldo do poder executivo. Sei disso porque ocupei uma cadeira na câmara no longo período de 1971 a 1980. Então, este poder, sabendo dessa fragilidade, traz o vereador no bolso do paletó. Precisamos mudar a legislação eleitoral, porque é ela que dá ao Brasil a triste colocação de primeiro lugar no mundo em atos de corrupção - afirma.
Salientando que a política que se pratica nos bastidores é maléfica e corrompida, ele promete que vai lutar pela sua extinção.
- Vou lutar contra esses conchavos. O povo de Montes Claros não pode continuar sujeito a esse tipo de tratamento - acusa.
Aristóteles nega que esteja anunciando sua candidatura batendo em adversários políticos ou em futuros concorrentes nas eleições de 2006.
- Precisamos dizer verdades. Hoje, a maioria das pessoas que atuam na vida pública está mais interessada em atos de puro fisiologismo, pensando nos melhores salários que no idealismo. A minha candidatura irá contra esse mau comportamento – conclui o secretário do diretório municipal do PFL.