Deputado quer abater o pequizeiro da região

Jornal O Norte
29/11/2005 às 11:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:55

Eduardo Brasil


Repórter


eduardo@onorte.net

Lideranças e ambientalistas do Norte de Minas, capitaneadas pelo deputado estadual e segundo-vice-presidente da assembléia legislativa de Minas Gerais, Rogério Correa - PT, estão mobilizadas para travarem resistência a inusitado e polêmico projeto do deputado estadual Antônio Andrade, do PMDB, que defende o abate do pequizeiro na região.

O projeto está tramitando na assembléia legislativa sob o número 2312/2005 e já se encontra na Comissão de Meio Ambiente, última etapa antes de ser encaminhado para votação em plenário.

- Este projeto é um absurdo - reage o vice-prefeito de Montes Claros, Sued Botelho - PT, que também está engajado na campanha contra a aprovação da medida.

Segundo ele, o abate do pequizeiro é um crime que não pode ser admitido.

- É difícil acreditar que alguém possa sugerir uma medida desta natureza, uma verdadeira agressão ao meio ambiente, ainda que tente respaldar sua proposta com argumentos que jamais nos convenceriam - ressalta Sued.

Ainda de acordo com Sued, uma comitiva de lideranças e ambientalistas do município e de cidades da região deixará Montes Claros, na noite de hoje, para acompanhar a audiência pública que a assembléia legislativa promove sobre o assunto, em Belo Horizonte, na próxima quinta-feira 30.

- Estamos mobilizados para sensibilizar os deputados de que a proposta é inadmissível - completa o vice-prefeito.

AGRO-NEGÓCIO

De acordo com o projeto do parlamentar peemedebista o abate do pequizeiro poderá ser feito mediante prévia autorização do Instituto estadual de florestas desde que não ocorra risco da sobrevivência da espécie na região e precedido do replantio do pequizeiro, pelo empreendedor, na proporção de dez mudas por espécie abatida.

Na sua justificativa, o deputado Antônio Andrade observa que a medida seria salutar diante da necessidade de conciliar a defesa do meio ambiente com a evolução do agro-negócio.

A argumentação de Antônio Andrade, porém, é contestada em panfleto que o deputado Rogério Correa fez circular na região e na assembléia do estado. Lembra os desastres ambientais causados pela monocultura do eucalipto, que se pretende expandida, cujos danos foram sentidos na modificação da vegetação natural no bioma que é considerado a caixa d’água do Brasil, porque seus arbustos de raízes profundas possibilitam o acúmulo das águas da chuva por longos períodos.

O panfleto acrescenta que além do desaparecimento de várias nascentes da fauna e da rica flora da região, a monocultura do eucalipto tem provocado a expulsão dos pequenos agricultores da região. Acusa ainda que a proposta levaria à concentração de renda, beneficiando os grandes produtores, e defende o desenvolvimento sustentável através da agricultura familiar e da formação de cooperativas de pequenos produtores rurais.

O texto é encerrado com a informação de que o abate do pequizeiro é proibido por lei aprovada pela assembléia legislativa, de autoria do deputado petista.

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