Apesar de ter se posicionado a favor da venda de armas de fogo e de munição em debate promovido pela câmara municipal de Montes Claros, Cori Ribeiro - PPS, a exemplo de outros vereadores ouvidos pela reportagem, que manifestaram mesma postura, não está plenamente seguro de como votará no referendo do próximo dia 23 de outubro.
- Ainda guardo muitas dúvidas sobre o tema, apesar de defender o direito constitucional da primeira defesa conferido ao cidadão - disse ele, em contato com O Norte na tarde de ontem.
De acordo com o líder do governo no legislativo a sua posição agora é de cautela, de pensar com mais profundidade no assunto, até porque no momento dos debates haveria uma espécie de via de mão única adotada pela mídia para tratar a questão.
Afirmou que a imprensa teria dado muito espaço para a campanha do desarmamento, cujos resultados, exaltados pelo governo federal - com o propósito de incentivar o povo a votar pela proibição das vendas, como alegam os que são favoráveis ao comércio das armas - podem ter influenciado opiniões precipitadas e que agora precisariam ser revistas.
- A partir do momento em que os dois lados, contrários e a favor da proibição da venda de armas passaram a ter o mesmo espaço na mídia, temos de ouvi-los para decidirmos com consciência - observa.
Cori não esconde incertezas em relação à proibição ou não
da venda de armas e munições (Foto: Fábio Marçal)
PAZ ACIMA DE TUDO
Antes de ser favorável à venda de armas, Cori Ribeiro garante ser pela paz. Segundo ele, se os argumentos de que a proibição é salutar para a redução da criminalidade no Brasil não hesitará em acatá-los e votar a favor.
- Depende das informações que a campanha do referendo nos trará daqui pra frente e dos debates que precisamos estender a todos os segmentos da sociedade para encontrarmos respostas às dúvidas que cercam o assunto - disse.
O vereador apela para que as discussões sobre o assunto, em Montes Claros, sejam levadas a todas as pessoas, não ficando limitadas à audiência pública realizada pela câmara no mês passado.
- O povo precisa de mais autoridade para decidir a questão no dia 23. Confesso que não estou convencido do meu voto. Não posso dizer, na verdade, hoje, se votarei sim ou não. Imagino a confusão na cabeça das pessoas menos esclarecidas - acrescenta o vereador.
COMITÊ DO NÃO
Cori Ribeiro diz que é exatamente por conta de suas dúvidas que estará presente nas manifestações que o comitê Sim pela vida - que defende a proibição da venda de armas promoverá na cidade nos dias oito e dezesseis deste mês.
- Toda a comunidade deve participar dessas discussões, sejam elas a favor ou contra o comércio de armas e munições. Todos precisamos nos municiar de informações.
O vereador também comentou sobre a organização, em Moc, do comitê Sim pela vida que desenvolve atividades na defesa da proibição da venda de armas desde setembro, reunindo diversos segmentos sociais - entre eles das igrejas católicas e evangélicas. Entende que aqueles que pensam o contrário também deveriam constituir comissão semelhante. Indagado se a própria câmara, onde a maioria já se manifestara pela manutenção das vendas, embora alguns vereadores, hoje, já não tenham a mesma convicção, poderia tomar a iniciativa de criar o comitê, Cori disse que não tinha pensado nessa possibilidade.
- É uma sugestão oportuna - disse ele, que deverá fazê-la na reunião de hoje.
PESQUISA
Pesquisa do Instituto Ipsos, prévia do referendo sobre a venda de armas e munição, divulgada ontem, revela que 76% das pessoas entrevistadas são contrários à venda dos armamentos no Brasil. O estudo mostra que apesar de a maioria apoiar a restrição ao comércio de armas, não considera que esta seja a medida mais importante no combate à criminalidade no país.
Na avaliação dos consultados não basta proibir as armas para controlar homicídios e outros atos criminosos no país. A maioria acredita que seria mais eficiente aumentar o policiamento nas ruas, gerar mais empregos, investir na educação e criar leis mais rígidas, inclusive no que se refere a punições de corruptos.
- Estes resultados são, da mesma forma, uma precipitação. O povo ainda está estudando seu voto. Não deixa de ser um indicativo, mas ainda são resultados passíveis de mudanças até o dia 23 - conclui Cori Ribeiro.