Eduardo Brasil
Repórter
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Voz quase solitária na audiência pública da câmara municipal, na semana passada, que tratou do referendo do próximo dia 23, quando defendeu o voto pela proibição da venda de armas de fogo e munições no país, o vereador Lipa Xavier - PCdoB encarou sistemática militância para convencer o cidadão de que está com razão a respeito da mazela social que significa o comércio do material belicoso.
Integrante do Comitê Sim pela vida, ele acredita que o povo entenderá a necessidade de manter o programa de desarmamento como alternativa para conter o aumento dos índices de violência e criminalidade. Argumentando, a exemplo do que fez o secretário municipal de Segurança e Direitos do Cidadão, João Avelino Neto, na sessão especial do legislativo, que os resultados positivos da campanha de entrega de armas, iniciada em 2004, justificariam a proibição prevista no Estatuto do desarmamento Lipa anuncia uma série de atividades do comitê que se estenderão até o dia do referendo.
- A população precisa ter consciência e considerar os avanços que a iniciativa do governo federal, com a campanha do desarmamento, já conseguiu para amenizar os índices de homicídios praticados com armas de fogo. Precisa entender que a comercialização só fará aumentar os assassinatos, a insegurança da sociedade, satisfazendo a gula das indústrias de armamentos - diz o parlamentar.
O comitê, segundo ele, é formado por membros das igrejas católicas e evangélicas, entidades de estudantes e da juventude, partidos políticos do campo democrático e poder público. Em nota distribuída nesta semana, além do secretário municipal, João Avelino, que também é presidente do diretório do PT, o vereador confirma também a presença, na comissão, do vice-prefeito petista, Sued Botelho.
CAMINHADA E ORAÇÃO PELA PAZ
No próximo dia oito de outubro o comitê realizará sua primeira manifestação de cunho popular em Montes Claros, quando promove uma passeata pela paz nas ruas centrais e de vários bairros da cidade. Até lá, os seus membros se manterão em franca atividade nas escolas e igrejas procurando convencer as pessoas a somarem na luta contra o desarmamento.
- Quem defende a venda de armas e munições são as mesmas pessoas que defendem a pena de morte no Brasil. Embora tentem dar à questão uma roupagem jurídica, como ocorreu no debate na câmara, ela é extremamente política - acrescenta Lipa Xavier.
Ainda de acordo com o vereador comunista, o desarmamento, com a proibição das vendas de armas é o caminho mais seguro para a redução da criminalidade. Ele lembra dados que apontam que o Brasil é o segundo país do mundo em mortes causadas por arma de fogo.
- Nada menos que 320 mil pessoas são mortas por ano, no Brasil, por armas de fogo. Veja bem, é uma população de Montes Claros que tomba anualmente por conta dessas armas. Por isso, estamos confiantes de que o comitê, que conta com mais de 16 entidades terá sucesso na sua campanha contra a venda de armas. Precisamos defender a vida - conclui o vereador.
Além da passeata pela paz, no dia oito, o comitê já marcou outra manifestação. Realizará em 16 de outubro o Dia da ação e oração pela vida em todas as igrejas católicas e evangélicas do município.