Contaminação no São Judas causada pela Esso será apurada com mais rigor na câmara

Jornal O Norte
21/11/2005 às 11:39.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:54

Eduardo Brasil


Repórter


eduardo@onorte.net

As investigações das conseqüências de contaminação do lençol freático (que já foi confirmada) na saúde de moradores do bairro São Judas Tadeu e adjacências, causada pelo vazamento de combustíveis dos tanques de armazenamento da Esso brasileira de petróleo S/A (desativados) terão prosseguimento.

E, desta vez, com uma sistemática mais rigorosa face às graves denúncias de existência de casos de câncer na região - que teriam sido causados pela utilização de água proveniente de cisternas infeccionadas pelos produtos da empresa, ao longo de décadas -, apontados em reportagem da revista Tempo

Apesar da gravidade dos danos ambientais e à saúde humana, a empresa foi punida pela Feam - Fundação estadual do Meio Ambiente e pelo Copam - Conselho estadual de política ambiental de forma considerada branda demais pelos moradores.

- Ela foi obrigada a pagar irrisória compensação financeira de R$ 115 mil, dinheiro que, inclusive, teve destino desviado e não chegou às pessoas afetadas pelo vazamento dos combustíveis - informa José Lopes, líder comunitário da região.

As novas apurações foram confirmadas por representantes do poder público e de entidades de defesa ambiental reunidos durante audiência pública promovida pela câmara municipal na quinta-feira 17. A sessão abordou as conseqüências do acidente ambiental que pode ter tido origem há 30 anos, logo após a instalação dos tanques da Esso na área que fica localizada às margens da linha férrea, nos fundos do cemitério e ao longo da avenida São Judas Tadeu.

LEVANTAMENTO

De acordo com Dulce Pimenta, chefe da divisão de Vigilância e Saúde, as investigações, por parte do município, serão conduzidas pela Vigilância ambiental, cujas atividades já foram autorizadas pelo secretário de Saúde, João Batista Silvério em comunicado ao legislativo.

Segundo ela, inicialmente serão investigadas todas as fontes alternativas de água (cisternas), cujas amostras passarão por análise em três laboratórios. Posteriormente serão feitos levantamentos da incidência de casos de câncer na região para serem comparados com os índices do ministério da Saúde em relação aos casos registrados em todo o país.

- A princípio o índice no São Judas seria alto - disse.

Dulce Pimenta informou que num primeiro momento a equipe de Vigilância ambiental buscará informações junto aos moradores com sintomas de câncer para identificar o histórico da doença com o objetivo de saber se ela foi causada ou não pela contaminação da Esso.

- Quanto tempo o cidadão reside na área contaminada, quando foi percebido o primeiro sintoma da doença, qual o tipo de vida que leva, a qualidade de água que usa, entre outras informações serão colhidas nos levantamentos - acrescenta.

PARECER

Em seguida os dados dos levantamentos serão analisados por oncologistas que darão um parecer da situação de cada morador atingido pelo acidente ambiental.

- Que também pode causar leucemia - afirma o químico Tarcísio Pimenta que participou da audiência ao lado de representantes da prefeitura, da Fundação estadual de Meio Ambiente e do Conselho estadual de políticas ambientais.

A ausência do representante da Esso, Alberto Galvão, que havia confirmado participação irritou a vice-presidente da câmara, Fátima Pereira - PTB, que presidiu a sessão por ela proposta.

- A Esso demonstra mais uma vez a sua grande irresponsabilidade - registrou, ao receber na abertura da sessão ofício do representante informando impossibilidade de atender ao convite.

Também ficou deliberado na audiência pública que a câmara municipal acompanhará todos os procedimentos das novas investigações.

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