Com dinheiro, mas sem investimentos

Vereadores reclamam que, apesar do superávit nas contas, prefeitura não cumpre emendas impositivas

Márcia Vieira
05/06/2019 às 09:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:58
 (Márcia Vieira)

(Márcia Vieira)

A prestação de contas do primeiro quadrimestre de 2019 da Prefeitura de Montes Claros aconteceu na última sexta-feira na Câmara Municipal, mas a repercussão se estendeu ainda ontem na reunião ordinária da Casa Legislativa. Os vereadores não se conformam com o que consideram falta de gestão do prefeito Humberto Souto, pois mais uma vez o balanço mostra superávit nas contas públicas, enquanto a cidade não recebe investimentos.

Para os parlamentares, a falta de planejamento ou direcionamento de gastos deixa a cidade desassistida em serviços essenciais. “Em todas as prestações de contas tem superávit. O saldo apresentado de R$ 170 milhões é mais do que suficiente para pagar os R$ 11 milhões de emendas impositivas dos 23 vereadores. Não entendemos porque o prefeito se recusa a cumprir a lei. Elas são garantidas no orçamento, sancionadas e publicadas”, disse indignado o vereador Valcir Soares (PTB).

O parlamentar destinou parte das suas emendas em 2018 para a compra de cadeiras de rodas para o Centro de Órtese e Prótese. A emenda não foi cumprida. Para 2019, Valcir novamente disponibilizou parte dos cerca de R$ 500 mil a que tem direito ao Centro, e novamente não viu o investimento acontecer. “A população está fazendo o seu papel, pagando os impostos, mas não vê retorno”, pontua Valcir.

“Tenho certeza que essa questão será superada entre o Executivo e o Legislativo”, disse o secretário de Finanças, Wíllian César Rocha, ao ser questionado pelo vereador Oliveira Lêga (Cidadania) sobre o motivo do não cumprimento das emendas. Em recente ocasião, Lêga chegou a denunciar que o prefeito propôs uma troca com os vereadores. 

“Os vereadores dificilmente serão atendidos. Ele ofereceu mil metros de asfalto para os vereadores desistirem das emendas. O ‘caminhar junto’ não existe”, afirmou o vereador, que vê ruir o sonho da população da região sul da cidade de ter uma unidade integrada do Samu e Corpo de Bombeiros no local. A situação dependia das emendas de cinco vereadores que, juntos, destinaram R$ 250 mil para viabilizar a reforma do espaço.
 
CONCURSO
O vereador Wílton Dias (PHS) também foi incisivo e cobrou que o Executivo promova a realização do concurso público para servidores. Já Edmílson Magalhães (PSDB) apontou a saúde como o calcanhar de Aquiles da administração. Para ele, é inadmissível uma unidade de saúde ter dois médicos e ambos tirarem férias sem colocar alguém para substituí-los, como aconteceu no Posto do Cintra. “São 15 dias sem atendimento. Esse desgaste com a saúde não pode existir mais”. 

Marlon Xavier também ressaltou que os problemas no setor precisam de soluções urgentes. “Nossa equipe esteve no Hospital Alpheu de Quadros e estava lotado. As pessoas esperam de 6 a 8 horas por um atendimento. Não adianta construir UPA se não consegue pagar bem os médicos e colocar profissionais para atender”, ressaltou.

A secretária de Saúde, Dulce Pimenta, disse que “em hipótese alguma pode ser dado férias a dois profissionais. No caso do Cintra, a médica estava de férias e a outra pediu demissão. Foi solicitado o retorno da médica (de férias), que voltou uma semana antes. Foi isso que aconteceu”, explicou.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por