(MÁRCIA VIEIRA)
O Centro de Órtese e Prótese em Montes Claros está deixando pessoas com deficiência ou com problemas de mobilidade provisória sem atendimento. Desde o ano passado, a distribuição de cadeiras de rodas no setor não acontece de maneira satisfatória e as reclamações só aumentam.
A analista de comunicação Mayara Cardoso sabe bem o que significa a espera. O pai fez o cadastro no centro e, acometido por um tumor que paralisou os membros inferiores, faleceu sem conseguir a ajuda tão desejada.
“Precisávamos da cadeira para transportá-lo ao médico ou mesmo para que dentro de casa ele tivesse um mínimo de qualidade de vida. Não fosse a Ademoc (Associação de Deficientes de Montes Claros), não teríamos conseguido nada”, disse Mayara, que nos últimos meses de vida do pai conseguiu uma cadeira cedida pela associação.
Atualmente, é ela quem necessita de cuidados após fraturar o joelho. Também na Ademoc conseguiu uma cadeira emprestada.
De acordo com Idalina Bonfim, responsável pelo banco de empréstimos da Ademoc, são apenas 20 cadeiras para atender de cinco a seis pessoas que diariamente recorrem ao órgão para pedir o equipamento em razão da suspensão do serviço no setor público.
“Nós nos viramos com aquilo que temos e procuramos sempre a ajuda de pessoas caridosas que fazem doações. Mas a quantidade é insuficiente. Quando procuramos o centro (de Órtese e Prótese) eles dizem que não tem recurso, que o governo não paga, uma série de justificativas, mas nunca resolvem”, afirma.
Embora o número de cadeiras seja limitado na associação, o empréstimo não tem prazo de validade, porque depende da situação de cada pessoa.
“Muitas vezes, a gente estipula um prazo, mas como é que vamos tirar a pessoa da cadeira se ela está precisando? Não podemos fazer isso. A situação é muito séria e tem que ser resolvida com urgência pelo poder público”, argumenta.
REQUERIMENTO
Preocupado com a situação, o vereador Valcir Soares, do PTB, entrou com requerimento pedindo ao prefeito Humberto Souto que cumpra a emenda impositiva destinada à compra de cadeiras de rodas para serem doadas à população.
“Pedimos mais uma vez ao senhor prefeito e à secretária de Saúde urgência na aplicação de recursos direcionados à aquisição destes equipamentos. Tem uma fila enorme de pessoas que estão precisando de cadeira de rodas e não tem. Pelo amor de Deus, senhor prefeito, não dá pra esperar. São R$ 77 mil que vão fazer a diferença pra muita gente. O recurso está no orçamento. É só cumprir”, pediu Valcir.
Procurada pela reportagem, a coordenadora do Centro de Órtese e Prótese, Elisabeth Pereira, disse que estava ocupada e que não poderia responder. Disse também não ter autorização para passar informações à imprensa.
Já a secretária de Saúde, Dulce Pimenta, mais uma vez, não atendeu às ligações. Em recente prestação de contas, a secretária admitiu que há problema no serviço e que os fornecedores das cadeiras já teriam sido contactados para uma possível resolução do problema.