Camisa grátis no ‘zap’ é golpe

Site que promete blusas de Bolsonaro e Lula não entrega os brindes e rouba dados de 31,5 mil mineiros

Tatiana Moraes
Hoje em Dia - Belo Horizonte
21/09/2018 às 06:03.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:34
 (RIVA MOREIRA/Hoje em Dia)

(RIVA MOREIRA/Hoje em Dia)

Um golpe que circula no WhatsApp há seis dias prometendo camisas grátis de Lula e Bolsonaro capturou dados de 31.511 mineiros, conforme levantamento da Psafe, empresa especializada em segurança tecnológica. Em todo o Brasil, 258 mil pessoas clicaram no link que leva a um site desenvolvido para roubar informações pessoais. Com elas, os cybercriminosos podem aderir a financiamentos, abrir contas em bancos e até mesmo criar empresas.

Em Minas, 31 mil simpatizantes de Bolsonaro e 511 de Lula caíram na armadilha, segundo a empresa de monitoramento. Os números correspondem aos usuários que entraram no endereço eletrônico na expectativa de receber o brinde do candidato, mas ficaram a ver navios.
 
FARSA
De acordo com o diretor do laboratório da Psafe especializado em segurança, Emilio Simoni, os links enviados ao WhatsApp dos usuários levam a um site com modelos de camisetas aparentemente real. Para recebê-las em casa sem nenhum custo, a pessoa precisa preencher um formulário e, depois, encaminhar o link a dez amigos.

“Esse tipo de golpe prejudica muita gente, porque a própria vítima encaminha o link a outras pessoas sem saber que se trata de uma fraude. É um golpe muito comum em datas especiais, como eleição e blackfriday”, alerta Emilio Simoni.
 
CONSEQUÊNCIAS
Com as informações das vítimas em mãos, os criminosos podem fazer o que bem entenderem, afirma o diretor de Segurança Cibernética da Crowe Brasil, Fernando Flauto. “Eles podem criar documentos falsos no mercado negro e abrir contas em bancos, pedir cartões de crédito, contratar financiamentos. O mailing também pode ser vendido a outros criminosos”.

Um esquema desbaratado em Minas no início da semana dá a dimensão do lucro que pode ser obtido com as informações que caem nas mãos de bandidos. Segundo a Polícia Civil, R$ 160 milhões foram movimentados por uma só quadrilha em dois anos após a abertura de firmas fantasmas usando dados de empresários renomados.
 
COMO EVITAR
Para não cair em golpes como os da camisa de candidato, Flauto destaca que é necessário ficar atento aos endereços eletrônicos antes de clicar neles. “Às vezes, o endereço parece certo, mas a extensão é .ru, indicando que é um domínio russo, ou .mx, do México. Qualquer pessoa pode comprar domínios de outros países”, comenta.

Ele ressalta que os usuários devem ficar especialmente receosos ao clicar em links de bancos e promoções. “Em caso de dúvida, a pessoa deve ligar para o gerente do banco ou entrar no endereço eletrônico diretamente, sem clicar em link nenhum”, afirma.

A Polícia Civil está monitorando o caso e cogita abrir investigações devido à proporção tomada pelo golpe da camisa. “Nosso departamento tem como foco, principalmente, os casos maiores, como pedofilia e extorsões de valores acima de 100 salários mínimos. Mas esse golpe tem crescido muito nos últimos dias”, afirma o chefe da Delegacia de Crimes Cibernéticos e Crimes Contra o Consumidor do Departamento de Fraudes, Felipe Carvalho.

Embora ele não consiga mensurar quantas pessoas já fizeram Boletim de Ocorrência (BO) para registrar essa fraude, ele sugere que todos que já caíram nela se dirijam a uma delegacia para notificar o ocorrido.

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