Câmara quer apuração de denúncias contra a Esso: reportagem acende reação parlamentar sobre contaminação no bairro São Judas

Jornal O Norte
29/09/2005 às 10:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:52

Eduardo Brasil


Repórter


eduardo@onorte.net

Reportagem da revista O tempo dando conta da incidência de casos de câncer na região do bairro São Judas Tadeu, onde por vários anos existiu depósito da Esso, repercutiu como uma bomba na câmara municipal. Fátima Pereira - PTB, inclusive, entrará com requerimento junto à mesa diretora, nesta semana, solicitando uma audiência pública para tratar do assunto.

De acordo com a vice-presidente do legislativo, a situação revelada pela revista caracterizaria um caso de saúde pública de extrema gravidade e que exige imediata e redobrada atenção dos órgãos competentes. Ela defende a criação de uma comissão, formada por representantes dos poderes federal, estadual e municipal, e da comunidade, além de profissionais de medicina, e de geólogos para análise do solo, para apurar as conseqüências que o depósito de combustível teria deixado como herança aos moradores da região ao longo de três décadas. Representantes da Esso também serão convidados para os debates.

- Durante trinta anos a Esso manteve seus depósitos naquela área, indiferente aos males que provocava ao meio ambiente e ao povo. O resultado não poderia ser outro: a contaminação do lençol freático e, conseqüentemente, os casos de câncer entre os morados apontados com extrema competência pela reportagem.



FOGO NA ÁGUA

Na verdade, as conseqüências da ação da Esso sinalizadas pela revista complementariam a famigerada crônica da morte anunciada. Lipa Xavier - PCdoB observa que o problema causado pela empresa é antigo, assim como os protestos dos moradores.

- Décadas atrás a comunidade da região já se reunia em assembléias para protestar contra a ameaça ao meio-ambiente e à vida humana que os depósitos da Esso significavam - diz.

Ele lembra de episódio transcorrido ainda na década de 1980, em que os moradores demonstraram, para espanto de quem viu, a contaminação que os combustíveis já tinham provocado no lençol freático. Na oportunidade eles despejaram no asfalto amostra de água retirada de uma cisterna no entorno da empresa - que em contato com as chamas de um palito de fósforo se transformou em uma imensa labareda de fogo que ardeu por longos minutos. Foram imagens, segundo ele, comprobatórias da agressão ambiental, registradas pelas câmaras de TV e divulgadas nos telejornais da época.

- De nada adiantou e a empresa se manteve por outros longos anos no mesmo local. Quando saiu, já era tarde.




O local do crime: área usada pela Esso, contaminada, estaria


provocando casos de câncer (Fotos: Adriano Madureira)

SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

O vereador Aurindo Ribeiro - PV também manifestou sua preocupação com a situação do bairro, revelada pela reportagem de O Tempo. Ele próprio teria, há 14 anos, tomado a iniciativa de compor um movimento de reação à presença do depósito de combustível naquela região da cidade, ainda em 1991.

- Promovemos um abaixo-assinado pedindo a saída da empresa antes que a situação ficasse ainda mais grave. Foram mais de sete mil assinaturas que, infelizmente, não sensibilizaram as autoridades sobre a gravidade do problema. A câmara age corretamente ao sugerir uma análise sobre os fatos anunciados - concluiu o vereador.

A audiência pública a ser requerida por Fátima Pereira deverá ser realizada em sessão extraordinária. É que a agenda do legislativo já estaria reservada, até novembro, para o debate de outros temas importantes nas assembléias especiais das quintas-feiras. Face à gravidade da situação no bairro São Judas Tadeu, exposta pela revista, a câmara deve antecipar ao máximo as discussões.

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