Câmara proíbe o canudo de plástico

Projeto aprovado por unanimidade segue para sanção do prefeito: objetivo é evitar agressão ao meio ambiente

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
12/10/2018 às 05:05.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:56
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Sabe aquele canudinho, “velho” companheiro na hora de tomar um suco refrescante, a água de coco geladinha ou uma caipirinha? Está com os dias contados em Montes Claros – pelo menos no modelo tradicional. A Câmara de Vereadores aprovou ontem, por unanimidade, o projeto de Lei do Vereador Sóter Magno (PP) que proíbe o uso do utensílio plástico em bares, restaurantes, hotéis e similares. O texto segue agora para sanção do prefeito.

A medida tende a seguir a cultura de consciência ambiental já adotada em outros países e em grandes redes de alimentação, a fim de reduzir os danos ao meio ambiente.

A justificativa do PL 86/2018 é a de que o descarte incorreto do produto tem causado a morte de aproximadamente 10 mil animais aquáticos por ano e que o produto teria sido encontrado não apenas nos oceanos, mas nos diversos rios que cortam o Brasil, de acordo com levantamento do Instituto Biopesca.

Além disso, aponta o texto, os canudos plásticos contêm uma substância química nociva à saúde e que pode causar câncer de mama, próstata ou diabetes, dentre outras enfermidades.

O autor do projeto e ambientalista Sóter Magno explica que a iniciativa surgiu a partir do movimento mundial de conscientização ambiental.

“Não se trata de modismo, mas temos que aproveitar esse apelo popular e o momento de transformação. O canudinho, como qualquer outro plástico, traz prejuízos ao meio ambiente. Ele leva cerca de 400 anos para se decompor. Quando alguém diz que Montes Claros não tem mar, é preciso informar que este canudinho que cai no rio Vieira, cai no Verde Grande, que cai no São Francisco e vai bater no mar. O impacto é muito grande e causa a mortandade de peixes, tartarugas e outros animais”, diz o vereador.

O proprietário de bar Joaquim Ferreira acredita que a mudança não trará prejuízo ao negócio. “Se a lei traz benefícios ao meio ambiente, é necessário que seja cumprida. Vou aguardar pra ver como vai ficar. O que eu tenho aqui é pouco, só pra atender alguns fregueses, mas são as crianças que mais utilizam. Não vi ainda outro tipo de canudinho no mercado. Se for necessário, a gente compra pra atender o freguês”, declara.
 
CONSCIENTIZAÇÃO
Montes Claros passa a ser a quarta cidade do país a adotar a medida. As outras são Vitória (ES), São Paulo e Rio de Janeiro. Embora ainda não seja obrigatória, a lei já existe na cabeça de alguns cidadãos do Norte de Minas.

“Eu prefiro não usar o canudinho. Evito também as sacolas plásticas ou copos, justamente para preservar o meio ambiente. É a minha maneira de contribuir”, diz o vereador Leonardo Ferreira Silva, de Botumirim, cidade cortada por vários rios.

Já a estudante de biomedicina Jennifer Leal faz uso constante de canudinho, por entender que é mais higiênico. “Tomo refrigerante quando estou na rua e prefiro o canudinho em vez de beber direto da lata. É mais limpo e evita contaminação. Mas vou ter que me adaptar”, diz Jennifer, lamentando a medida, mas concordando com a preservação do meio ambiente.
 
IMPACTO FINANCEIRO
Um pacote com 100 canudinhos plásticos é vendido em Montes Claros por aproximadamente R$ 2,90. Na internet, o produto biodegradável, mais simples, pode ser encontrado, em média, a R$ 3,30, o pacote com 100 unidades.

O produto biodegradável ainda é desconhecido pela maioria dos distribuidores da cidade. Um deles, que pediu para não ser identificado, diz que o que for determinado pela lei será cumprido.

“O que for pra ser vendido no lugar do canudinho plástico, a gente vende, mas o que eu acho que vai acontecer é que vão parar de utilizar o canudo. Acho que todo mundo vai se adaptar, desde a fábrica até o consumidor final”, declara.

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