Athos versus Athos: exonerações consolidariam impasse entre vereador e prefeito

Jornal O Norte
28/11/2005 às 10:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:54

Eduardo Brasil


Repórter


eduardo@onorte.net




(Fotos: Fábio Marçal/ Adriano Madureira)

Como resultado das últimas votações envolvendo polêmicos projetos do executivo, pela câmara municipal de Montes Claros, o relacionamento entre o vereador Athos Mameluque - PMDB e o prefeito Athos Avelino - PPS teria azedado de vez. Ambos já viriam de um ensaio de distanciamento considerado discreto, simultâneo a momentos de pura convergência, ao longo dos últimos onze meses, na votação de projetos de especial interesse da administração.

O parlamentar afirmou a O Norte, na noite de quinta-feira 24, ter se sentido retaliado indiretamente pelo executivo e, exatamente, por conta de seus recentes posicionamentos no plenário, desta vez contrariando aspirações do governo municipal.

- A iniciativa do rompimento ficou por conta do prefeito - afirmou. 

Segundo Mameluque, a represália, que teria culminado na demissão de cinco pessoas de seu estreito relacionamento, que por sua eventual influência defenderiam cargos de confiança na administração municipal, foi evidenciada depois de sua oposição às medidas preconizadas pelo prefeito em projeto enviado à câmara tratando do pagamento de pequenos valores, de até sete salários mínimos, pela prefeitura, sem emissão de precatórios.

O projeto foi recebido pelo legislativo com ressalvas e provocou debates acalorados até que o plenário definisse, através de emenda, pelo valor máximo de dez salários mínimos.

- Ainda assim foi uma facada que o executivo deu no servidor e no povo de Montes Claros, considerando que ele poderia estabelecer o pagamento de pequenos valores em até 30 salários mínimos, que eu defendi, conforme permite a Constituição.

PERSEGUIÇÃO

Sobre o projeto de pagamento de pequenos valores, Athos Mameluque diz que a alegação do executivo - de que o valor reduzido se deveu à míngua dos cofres municipais - não se justificaria. Ele aproveitou para tecer novas críticas ao governo municipal.

- A prefeitura prega uma coisa: a falta de dinheiro, que até reconhecemos existir, essa escassez tão anunciada, mas na prática age diferente. Gasta, então, os parcos recursos em mais contratações. É um dinheiro que poderia atender às necessidades mais urgentes do povo.

Para ele, o discurso da escassez de verbas seria, no mínimo, contraditório ao procedimento dos atuais detentores do poder, uma vez que a prefeitura estaria utilizando economias importantes com contratações desnecessárias.

- Agora mesmo, o executivo ganhou a prerrogativa de admitir novos comissionados. São 14 novos cargos para uma prefeitura já repleta de contratações, com salários de até três mil e novecentos reais. Resta saber de onde tiram recursos pra bancar tais procedimentos.

ASSÉDIO MORAL

Outro posicionamento do vereador, que segundo ele também motivara a ruptura com a administração, teria sido sua luta pela derrubada de veto do executivo ao projeto da vereadora Fátima Pereira - PTB, tornado lei, contra o assédio moral nas dependências do serviço público municipal.

- E é exatamente o assédio moral que ocorreria neste momento pelos corredores e gabinetes da prefeitura - diz, referindo-se à exoneração das pessoas próximas a ele.

O vereador, que preside o diretório municipal do PMDB, partido que no segundo turno das eleições de 2004 disputou, ao lado do ex-prefeito, Tadeu Leite, o poder com o PPS vitorioso de Athos Avelino, lamenta que esteja sendo alvo de perseguição política - e que ela alcance pessoas pelo simples fato de serem suas amigas.

- Eu evitaria, mas o prefeito teria preferido pelo rompimento político e com retaliações, num momento em que se busca maior entrosamento dos poderes executivo e legislativo através, exatamente, do diálogo - desabafa.

Apesar do relacionamento estremecido, o vereador garante que não deixará de apoiar e votar projetos do executivo, desde que eles signifiquem ascensão do povo à qualidade de vida.

- Eu não voto contra ou pelo prefeito. Voto com a minha consciência e com a responsabilidade de defender os direitos das pessoas que represento na câmara - concluiu Athos Mameluque.

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