(MÁRCIA VIEIRA)
A falta de recursos para investimentos nas malhas viária e ferroviária do país, e também do Norte de Minas, é um entrave para o avanço da indústria. E a solução para isso não está próxima. É o que afirma o senador Carlos Viana (PSD), que participou nesta sexta-feira de um seminário sobre o assunto em Montes Claros, dentro da programação da 24ª Fenics.
O parlamentar ressalta que a única saída para resolver a falta de recursos é apostar no capital estrangeiro para financiar o novo modelo de concessões.
“Estamos apostando no desenvolvimento dentro dessa visão de investimento estrangeiro. A economia só vai melhorar a partir de 2022, depois das reformas da Previdência, Tributária e Administrativa. Sou membro da Comissão Mista de Orçamento em Brasília e digo a vocês, com toda clareza, que em 2020 o governo terá o menor valor da história para manutenção e investimentos fora do orçamento”, diz o senador, que acredita em recuperação da economia só daqui a dez anos.
Segundo Viana, apenas a concessão poderá trazer algum alívio para infraestrutura que atende ao setor produtivo. O assunto foi amplamente debatido no Encontro Multimodal de Transportes – Norte de minas.
Na região, importante rota de escoamento de produção – seja da indústria ou do agronegócio – a BR-251 é foco de discussões e pedidos de duplicação há anos. Ela faz a interligação entre o Nordeste, o Sudeste e o Sul do país.
O senador mineiro ressalta que Minas tem uma grande malha viária e com sérios problemas de conservação e estrutura. Particularmente sobre as regiões Norte, Jequitinhonha e Central do Estado, ele destaca que há um atraso de 20 anos em investimentos nas estradas.
“Estamos buscando para o Estado os fundos internacionais, mas a mobilidade e a duplicação, especialmente da BR-251, são fundamentais para atrair empresas”, diz.
A informação repassada por Carlos Viana foi um balde de água fria para os dirigentes do setor. “Não quero acreditar que teremos que esperar dez anos para que o Brasil volte a crescer. Aquilo me desanimou”, disse o empresário Gilberto Gualter, da diretoria da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Montes Claros.
“Se não vier o capital estrangeiro, está muito difícil. Mas como empresários, temos que ser otimistas. Quanto às rodovias, acho que a solução é a privatização”, complementou Gualter.
Mais articulação política
A precariedade das rodovias também é apontada pelo ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, como um dos principais desafios para o escoamento da produção.
“Precisamos criar intermodais para que a mercadoria seja transportada de maneira menos onerosa e, assim, aumentar a produtividade. Isso se consegue com infraestrutura logística. Trabalhamos principalmente com melhoria da produção, mas se não houver escoamento favorável, essa produção se perde e a riqueza que poderia ser gerada acaba se esvaindo”, pontuou.
Para sanar o problema, Canuto deixou claro que é preciso, além do recurso, articulação junto ao governo. O plano de desenvolvimento já encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro inclui uma carteira de projetos que prevê modernização nos projetos de irrigação e investimentos em rotas essenciais, como a do leite e do mel.
“A gente tem que capacitar melhor e colocar uma estrutura mais robusta. A carteira foi trabalhada inclusive com o governo de Minas. Mas, para efetivar, é preciso recurso e tudo isso vai acabar dependendo da força política”, disse.
O chefe da pasta participou do encontro e ressaltou que o Norte de Minas é uma região prioritária por estar na área de abrangência da Sudene e, por isso, incluída no Plano de Desenvolvimento do Governo Federal, com previsões de ações de mobilidade, saneamento e a questão hídrica.