(MÁRCIA VIEIRA)
A Prefeitura de Montes Claros fechou 2017 com R$ 68 milhões em caixa. Apesar do superávit, não houve, no ano passado, grandes obras nem projetos de maior porte no município.
O montante foi revelado ontem pelo secretário de Administração e Finanças, Coriolando Ribeiro, em uma sessão na Câmara Municipal, com o plenário praticamente vazio.
“Estamos com a Ferrari e andamos de carroça”, disse Ribeiro.
O secretário apontou que houve um salto na arrecadação de tributos municipais no ano passado.
“Só no quesito IPTU tivemos um crescimento de quase 40% e arrecadamos mais de R$ 11 milhões. Com ISS tivemos implemento de receita entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões”, disse, justificando que o resultado é fruto de “dedicação”.
Ribeiro não informou quais planos a prefeitura tem para o montante em caixa. Já os recursos vinculados (com destino certo) estão em torno de R$ 114 milhões.
Um dos poucos parlamentares a assistir a sessão, Valcir Soares classificou a prestação de contas de “nebulosa”. Ele questiona a alta arrecadação e o dinheiro em caixa enquanto a população sofre com a falta de serviços.
“O secretário é uma pessoa competente, mas falta atitude do município para gerir os recursos. Onde estão os financiamentos aprovados pela Câmara para asfaltamento de ruas e construção de avenidas? A Câmara tem feito o seu papel, mas está faltando empenho em algum lugar”, argumentou.
Ribeiro respondeu dizendo que a secretaria seguiu as orientações do prefeito. “Temos as aprovações que ocorreram, a autorização do Legislativo para fazer empréstimos e a capacidade de buscar recursos. Mas é necessário ter projetos que nos permitam buscar estes recursos. Seguramente estes estudos estão em andamento”, disse.
O secretário acrescentou que apesar do valor em caixa, não está “sobrando” dinheiro e que houve apenas um equilíbrio de contas. “Temos um bom superávit. ‘Sobra’ haveria se o município estivesse numa situação plena de equilíbrio. São centenas de ações a serem implementadas urgentemente e estes recursos podem amenizar estas ações”.
DESPEDIDA
O secretário aproveitou o evento na Câmara para anunciar a saída da administração, o que deve ocorrer nos próximos meses. Em tom melancólico, mas negando qualquer desentendimento com o chefe do Executivo, Cori, como é conhecido, deixou explícito o desembarque da administração.
“Eu vim para ficar um ano. E por algumas outras discussões fiquei mais alguns dias ou meses para que a gente pudesse realizar pelo menos parte daquilo a que nos propusemos fazer. Vocês jamais verão neste secretário um sujeito que entra debaixo da mesa e que vai omitir aquilo que faz. Às vezes eu falo um pouco mais e sou até mal compreendido. Não quero sair da secretaria de finanças com o rótulo de cara bonzinho. Quero sair como de todos os lugares em que já entrei e saí até hoje, de cabeça erguida e sendo chamado de justo”.