Pandemia põe emprego e renda ‘na urna’; diminuição da oferta de postos de trabalho é desafio grande

Márcia Vieira
O NORTE
11/11/2020 às 07:38.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:00
 (ARTE HD)

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O futuro prefeito de Montes Claros tem como um dos maiores desafios devolver à população a confiança na recuperação econômica, perdida em meio à pandemia e à alta taxa de desemprego. Entidades classistas e representantes do setor esperam dias melhores e apostam em uma retomada, ainda que lenta, a partir de 2021.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Montes Claros, Ernandes Ferreira, houve avanço após a reabertura do comércio, mas alguns setores, como hotelaria e turismo e o de eventos, ainda estão sofrendo mais intensamente o impacto da pandemia.

“Posso dizer que alguns setores, como o de produtos eletrônicos, móveis e eletrodomésticos, responderam bem. Se tem negócios fechando, tem outros abrindo, empresas contratando. As datas comemorativas trouxeram bons resultados e temos uma boa expectativa para a Black Fryday e o Natal. O auxílio emergencial e parte do FGTS que foram pagos deram ânimo e foram um aquecimento para a economia, mas vamos ainda passar por algumas adversidades”, avalia Ernandes, refletindo que é um problema coletivo e que a superação depende de esforços conjuntos.

O presidente da Associação Comercial e Industrial (ACI) de Montes Claros, Leonardo Vasconcellos, aposta em um cenário mais favorável em 2021, mas acredita que a recuperação deve ser lenta. Para ele, Montes Claros acompanhou o cenário nacional e os números macroeconômicos constituem um espelho do que aconteceu na cidade.

“No fim de fevereiro e início de março nós tínhamos 11,9 milhões de desempregados no país. Passado o período crítico da pandemia, temos 14 milhões de desempregados, segundo o Caged/Ministério do Trabalho. Há quem fale que este número chegue a 17 milhões quando se considera o emprego informal. Uma perda importante. Quanto aos segmentos, alguns vão se recuperar e reagir muito rapidamente. E há outros que não perderam, como os call-centers. Estes relacionados a vendas e comércio virtual reagiram muito bem. A construção civil também reagiu muito rápido. Acho que até o final deste ano e início do outro estaremos nos mesmos patamares que antes da pandemia”, pontua Leonardo.
 
EMPREGO
Em março, Montes Claros perdeu 491 postos de trabalho. Em abril, mês considerado como o de maior impacto, foram 1.483. Em maio, a retração foi menor, com 648 postos de trabalho perdidos. Em junho, a cidade registrou um saldo positivo bastante tímido, com recuperação de sete postos de trabalho. O saldo de empregos foi maior em julho e acenou para uma modesta recuperação (398), saltando para 823 em agosto, de acordo com dados do Observatório do Trabalho da Unimontes.

“Esperávamos que houvesse uma manutenção dessa curva de crescimento, mas na verdade tivemos em setembro a diminuição do ritmo. Ainda tivemos um saldo positivo de 807 postos de trabalho, mas foi menor ou quase igual ao que aconteceu em agosto. É possível dizer que em Montes Claros estamos em processo de recuperação”, afirma o coordenador do Observatório, professor Roney Sindeaux. Ele aponta o setor de serviços como o de saldo mais positivo entre contratações e desligamentos, com 306 postos de trabalho. Em seguida, aparece a indústria (273) e o comércio (131).

A perda de quase 1.500 postos de trabalho somente em abril representou uma perda de cerca de R$ 3 milhões em massa salarial, segundo o professor. “São recursos não recebidos pelas pessoas, que deixaram de gastar. Quando falamos em mercado de 100 mil trabalhadores, estamos falando de cerca de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões que estão rodando e dinamizando a economia. Qualquer valor que se perde significa menos massa salarial circulando, por isso os programas de renda mínima são importantes”, destaca Roney.

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