Enfermeiros fazem manifesto por votação de novo piso salarial

Categoria sai em carreata por Montes Claros e define requerimento na Câmara Municipal

Márcia Vieira
O NORTE
22/05/2021 às 00:47.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:59
 (Ascom Câmara)

(Ascom Câmara)

Profissionais da enfermagem de Montes Claros saíram em carreata nesta sexta-feira (21) em um movimento que pretende incentivar a votação do Projeto de Lei 2.564\2020, em tramitação no Congresso Nacional. O PL pode fixar um novo piso salarial nacional para a categoria, que se reuniu em uma audiência pública na Câmara Municipal, após a carreata, para debater o assunto. 

“Propus a audiência a pedido dos enfermeiros, para envolver o Legislativo, em um esforço para valorizar esses profissionais. O requerimento foi aprovado por unanimidade e será levado ao Congresso, para ser incluído em regime de urgência”, disse o vereador Daniel Dias (PCdoB).

De acordo com Kênia Fernanda Souza Batista, enfermeira fiscal e coordenadora-adjunta de Subseções do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), a cidade conta com 208 atendentes em enfermagem, 355 auxiliares em enfermagem, 1.649 enfermeiros e 2.976 técnicos em enfermagem com registro ativo no órgão, totalizando 5.188 profissionais.
 
Excesso de trabalho
Para a enfermeira da atenção primária Caroline dos Reis Alves, por não ter o piso estabelecido, o profissional tem que trabalhar em dois ou até três lugares para dar conta de pagar suas despesas. O piso salarial, acredita, é uma forma de garantir a dignidade profissional.

“São jornadas extensivas e extenuantes. A sobrecarga, tanto física quanto mental, aumenta a chance de erros, e, na enfermagem, erros significam mortes. Se errarmos em monitoramento de um paciente ou na troca de medicação, em virtude do cansaço, pode resultar em uma lesão grave ou até em morte, ressaltou a profissional, lembrando que a pandemia trouxe para a enfermagem outros desafios. 

“Além da carga horária e da jornada extensiva, em alguns locais os equipamentos de proteção individual não são adequados ou são escassos, fazendo com que o profissional fique horas e horas sem garantir suas necessidades humanas básicas. Para ir ao banheiro ou beber água, ele tem que se paramentar e se desparamentar. Nesse movimento de retirar os EPIs, como máscaras, capotes e protetor facial, é maior a chance de se contaminar e contaminar o paciente”, explica.

A enfermeira destacou ainda o alto número de mortes desses profissionais durante a pandemia: “Temos dados que mostram o Brasil como o país que mais teve morte de profissionais da saúde e 50% desse total corresponde à enfermagem. Até o último levantamento que nos chegou, mais de 77 mil contaminados eram profissionais da enfermagem. O piso salarial e a jornada de 30 horas é o que vai nos dar condições dignas de trabalho e subsistência”, pontua.

A enfermeira Michele Celeste Santos, representante do Sind-Saúde, diz que, em 18 anos de profissão, nunca viu tantas mortes como no último ano. “Perdemos muitos colegas de trabalho para o vírus. É insalubre o que estão fazendo com a gente. Em algumas cidades, os enfermeiros ganham um salário mínimo. Isso não pode acontecer. Nosso objetivo com a audiência e com a carreata é tornar notória a luta, e é uma maneira de pressionar os representantes de nossa região”, ponderou.

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