Candidatos do DEM se rebelam e rejeitam aliança com o Cidadania, de Humberto Souto

Márcia Vieira
O NORTE
19/09/2020 às 00:31.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:35
 (Samuel Braúna/divulgação)

(Samuel Braúna/divulgação)

Candidatos a vereador pelo Democratas não aceitaram a decisão do partido de apoiar a coligação encabeçada pelo prefeito Humberto Souto, que concorre à reeleição, e decidiram trabalhar apenas por suas candidaturas. O grupo estava confiante de que o partido teria um nome próprio para disputar a Prefeitura de Montes Claros, mas o advogado Álvaro Guilherme, que em entrevista afirmou sua candidatura pelo DEM, recuou e, no último momento, aceitou, juntamente com as lideranças do partido em Montes Claros, apoiar o prefeito.

Os 18 candidatos a vereador, por não terem sido consultados e tomarem ciência da decisão pela mídia, procuraram o então candidato a prefeito e ouviram dele que a desistência se deu porque o partido não teria recursos do fundo eleitoral e partidário para bancar a campanha. Desse modo, optaram por Humberto.

Um dos pré-candidatos a vereador pelo DEM, o consultor Luciano Meira, revela que não há a menor possibilidade de os pleiteantes do partido a uma vaga no Legislativo apoiarem o prefeito Humberto Souto, pois as diferenças ideológicas são gritantes.

“Nós não concordamos com isso. Aceitamos participar do pleito porque havia um candidato a prefeito. Temos uma ideologia e acreditamos nela. O prefeito Humberto Souto em nada se aproxima dos nossos ideais e essa aliança com ele foi uma desonestidade com os candidatos”.
 
ALIANÇAS 
De acordo com ele, houve um excesso de alianças, com partidos que sempre foram adversários históricos e que agora compõem a coligação. Diante disso, os vereadores optaram por não fazer campanha para o candidato majoritário da coligação. “Essa maneira de fazer política precisa ser mudada. A eleição precisa ser pautada em princípios que buscam a renovação e sem clientelismo”, disse.

A ata da reunião traz diversos argumentos apontados pelos candidatos para não apoiarem o prefeito. O pré-candidato Flavio Danilo Neves diz que “a atual administração se preocupa com estrutura física e deixa o ser humano de lado”. Já o pré-candidato Carlos Henrique Silva apontou que “o grupo só faz sentido com o candidato a prefeito, com ou sem estrutura financeira”.

O advogado Álvaro Guilherme, em conversa com a reportagem, afirmou que vê a situação com tranquilidade e que os vereadores têm a liberdade de caminhar de maneira independente, se assim preferirem. 

“Cada vereador tem a liberdade de tocar a sua campanha independente, respeitando a sigla. Eles apostavam em uma candidatura do Democratas, queriam uma chapa própria, mas a estrutura que iria vir não veio e a gente viu que não tinha como tocar a campanha”, disse o advogado, afirmando ainda que, ao contrário do que expõem os candidatos a vereador, os componentes do partido têm simpatia pela candidatura do Cidadania.
 
FARPAS 
Consultado sobre a situação, o ex-prefeito Jairo Ataíde, presidente da sigla no município, afirmou que não foi sua a decisão, que ela caberia apenas ao pretenso candidato e que ele apoiaria qualquer que fosse a decisão tomada por ele. Jairo falou ainda que não há divergência ideológica e que, inicialmente, existe o susto, mas que os candidatos a vereador estão equivocados e que aposta na aceitação, mais adiante, do nome indicado. Ele ressaltou que não tem qualquer divergência com Humberto Souto e que se conhecem bem.

Mas na rede social, já circulam vídeos de tempos recentes em que Jairo Ataíde e Humberto Souto trocaram farpas em debates e fizeram graves acusações um ao outro. Em um deles, Jairo diz: “Eu diria que quem deveria ter vergonha da sua história é você, candidato, que recebe 65 mil reais de aposentadoria e tem concessão gratuita de três rádios recebidas em pagamento de serviços prestados por você à ditadura. E mais, teve a concessão gratuita e sem licitação da exploração da Rodoviária de Montes Claros, recebendo 10% de todas as passagens vendidas em nossa cidade. Foram milhares de reais tirados ilegalmente do povo de Montes Claros. Está claro que a sua fortuna foi construída com dinheiro público”, disse Jairo sobre Humberto Souto.
 
INTERFERÊNCIA
Questionado sobre uma suposta interferência, o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Democratas em Minas, afirmou em nota que “o partido, na esfera estadual, sempre apoiou o seu pré-candidato Álvaro Guilherme. Qualquer outro caminho deverá ser decidido pelo partido na sua instância municipal, em Montes Claros, sob a condução de Jairo Ataíde e do próprio Álvaro Guilherme”.

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