Carlos Castro Jr.
Acadêmico de Jornalismo
A sexta-feira 13 é considerada por muitos como um dia de pouca sorte, ou, de muito azar. Várias lendas, principalmente as holllywoodianas, nos levam a pensar em um dia cheio de maldições, azar e terror. Na programação televisiva, três emissoras prometiam filmes que espalham medo entre os telespectadores. No entanto, quem preferiu sair de casa, encontrou no centro de Montes Claros um mundo de diversidades. Mundo que não estamos acostumados a ver no cotidiano. Neste setembro de 2013, aconteceu a 10° edição da Parada Gay de Montes Claros. Um evento que pretende lutar por direitos e contra o preconceito.
Encontrei cores que nem sabia que existiam. Descobri, por exemplo, que se juntarmos o amarelo, o rosa, o vermelho, o azul, o roxo e o branco, pode surgir uma cor sem nome, mas você terá certeza que é uma cor gay. É uma cor gay não pela mistura, mas sim pela diversidade, por ser diferente. As coisas são diferentes por não serem iguais, e ser diferente é normal. Não somos iguais nem mesmo a quem nos gerou, muito menos iguais aos vizinhos.
Encontrei alguns deles (vizinhos) no evento. Lá também estava minha tia. Vi cachorro, homens, mulheres, reis, rainhas... e quando olhei para trás ganhei uma boina de uma amiga. Surpreso por não encontrar brigas, encontrei por onde passei pessoas interagindo, dançando, se abraçando e se beijando. E não posso afirmar se eram homens ou mulheres, meninos ou meninas, já que era um encontro onde cabelo não diferenciava o sexo.
Conheci várias pessoas, a conversa era livre, todos trocavam ideias. O assunto nem sempre era sobre sexualidade. Achei uma menina com a camisa do meu time, e que não falava outra coisa a não ser sobre a vitória de dias atrás. Ela não curtia homens, o negócio dela era mulheres. Encontrava ali outro ponto em comum entre nós, além do time, é claro. Fomos embora todos juntos. Já era sábado e bem cedinho tocou meu telefone, era a menina com ideias em comum. A festa ainda não tinha acabado, continuava em outro ponto da cidade. Na ligação, me convidava para rir um pouco mais da vida. Bem que pensei em ir, mas ficar em casa era a melhor opção para mim. Era o final de uma semana bem pesada e uma grande noite de festa.
Em minha passagem pela parada gay, encontrei nos olhos de cada um, vontade de lutar contra injustiças. Como em uma revolução, que não se quer derrubar ninguém do poder, mas que armados com rosas de diversas cores, só pediam respeito, carinho, de uma população com mente velha. Foi um dia único. Momentos em que quem tem orgulho de ser hetero levava no peito o orgulho, de ter um irmão gay.