Por Laura Conrado
Quem entra em campo sabe que pode sair dali comemorando uma vitória ou amargando uma derrota. Quando tomamos alguma decisão, também sabemos que tudo pode terminar bem ou bem, bem mal. É a vida. Impossível pensar que nenhuma ação terá reação e teremos que arcar com as perdas e ganhos.
Há muito tempo, recebi um e-mail de uma leitora que se identificou com algumas situações do meu livro Freud, Me Tira Dessa!. Ela disse que morria de medo de ter, por exemplo, um cachorro, pois um dia ele vai morrer. Tinha medo de namorar “sério”, pois, um dia, tudo poderia acabar. E por aí vai.
Medo todos nós temos. E há de se ter certo cuidado conosco. Mas o medo não pode nos paralisar nem nos fazer deixar de viver. Não sou psicóloga, mas sei que muitas das minhas neuroses vieram dos meus medos. Eu tinha tanto medo de sofrer por uma coisa, que eu mesma dava um jeito de acabar com qualquer possibilidade dela acontecer. Isso valia para relacionamentos, oportunidades profissionais, amigos e tudo mais. Eu vivia na fantasia e sofria por antecipação. Só esperava o pior. Mas uma hora, a vida nos pega de jeito e sofremos. Já achei que fosse morrer de tanto chorar. Mas agora eu sei que estou viva. Bem viva. A gente sobrevive a tudo, somos capazes de fazer novos sonhos, gostar de outras pessoas e continuar a sorrir. Passar pelo o que temos medo é a única maneira de nos curar disso. E se o pior vier, vemos que as coisas podem não ser tão doloridas como imaginávamos.
Perder um animal de estimação é ruim. Mas lembrar de cada momento de companhia e brincadeiras. Perder no amor também dói. Contudo, vale mais a pena ter vivido momentos com os pés fora do chão do que a sensação de nunca ter, sequer, ficado na ponta dos pés. A gente pode ter medo de muita coisa. Mas acredito que viver – de verdade! – vale o risco!