Por Eduardo Costa
O Joaquim acusou um colega de fazer chicana. O Brasil veio abaixo. Há de se respeitar um ministro da mais alta corte, disseram vozes poderosas que mandam no país há 513 anos. Será que Lewandowski merece? Fui buscar socorro na Wikipedia e encontrei três significados para a palavra. Do ponto de vista jurídico, quer dizer “dificuldade criada, no decorrer de um processo judicial, pela apresentação de um argumento com base em um detalhe ou ponto irrelevante; abuso dos recursos, sutilezas e formalidades da Justiça; o próprio processo judicial (de forma pejorativa); contestação feita de má-fé; manobra capciosa, trapaça, tramoia”. Há outra definição, válida para o automobilismo, que é “passagem em zigue-zague através de uma série de obstáculos; dispositivo que dificulta a livre passagem dos carros ou motocicletas numa pista de corrida; cada um desses obstáculos ou dispositivos”.
Mas, quando observamos na etimologia, isto é, a origem das palavras, do francês “chicane”, outra explicação que vem do século 16: “passagem em zigue-zague num entrincheiramento, dispositivo que impede a livre circulação de um fluido ou de um sólido, perseguir na justiça, levantar obstáculos para criar dificuldades num processo judicial”.
Ora, com o respeito que nos merecem os que criticam Joaquim, por tudo que aprendi e observei na vida, um dos grandes males do país está contido nessa palavra. Ou não é a chicana que ilustra a história do próprio Supremo Tribunal Federal que luta para, pela primeira vez na história, colocar uma fornada de ladrões famosos na cadeia brasileira?
O problema do Joaquim é que ele fala o que o povo pensa e disso, modestamente, eu entendo, porque, num espaço muito menor, com caixa de repercussão infinitamente inferior, sofro constantemente dos mesmos males. Em Minas, sobretudo, terra minha e de Joaquim, você não pode falar o que pensa. Tem um ex-governador cuja irmã se irrita até se a gente disser que ele é bonito. Tem que falar que é lindo, maravilhoso, inigualável. Parabéns, portanto, para o Joaquim...
Ah, para o juiz Glauco Soares também! Depois de nove anos e quatro tentativas de julgar os acusados de chacinarem sem-terra, ele marcou nova data, mas mandou prender os réus. Quero ver se os defensores não vão usar a chicana, ou seja, o zigue-zague das leis para apressar o júri!
