Várias vistas dos Sertões

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 20/09/2013 às 08:55.Atualizado em 15/11/2021 às 17:11.

Por Manoel Hygino

O importante é verificar como o sertão se arraiga à vida brasileira. Em torno dele e do homem lá nascido, há um verdadeiro fascínio. Nesse brasileiro pobre, humilde, mas altivo, esquecido dos poderes públicos, sem um pedacinho de terra própria para erguer sua casinha de pau a pique, sem escola elementar, naturalmente educado e tímido, se têm inspirado grandes escritores do país. Sua maneira de ser, seu jeito de falar e agir inspiraram obras-primas, e assim segue. A saga do sertão permanece viva e pujante.

Este setembro, no auditório Vivaldi Moreira, da AML, em sua Universidade Livre, coordenada pela acadêmica Elizabeth Rennó, a escritora Carmen Schneider Guimarães proferiu a palestra “Rosa: antes do sertão”. A palestrante nutre paixão pelo tema, e não poderia ser de outro modo, bastando atentar-se para o sobrenome.

Já no dia 11 de agosto, Jô Drumond lançara “Ecos do Sertão: Sertões”, na Livraria Mineiriana, na rua Paraíba. O ensejo de autógrafo atraiu numerosos autores mineiros, mercê da atratividade do assunto e suas abrangências. Jô, natural de Coromandel e residente em Vitória (ES), tem um currículo invejável, com pós-doutoramento em literatura comparada pela UFMG, doutorado em “comunicação e semiótica: intersemiose na literatura e nas artes”, pela PUC-SP, além de títulos pela UFES e UFOP, e além de graduação pela Universidade de Nancy, França.

O livro em questão focaliza vozes do árido, do semiárido e das veredas, resultando de uma pesquisa de pós-doutoramento pela Universidade Federal de Minas Gerais. Estuda e debate os enfoques, convergências e divergências entre as obras- que ela considera canônicas sobre o tema: “Os sertões”, de Euclides da Cunha, “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, e “Grande Sertão: veredas”, de Guimarães Rosa.

Aspectos sumamente preciosos: Na primeira obra, como a própria autora explica, o cipoal lexical; na segunda, a narrativa desprovida de adornos; na terceira, os conflitos do protagonista, numa região em que “tudo é e não é”, labirinto na alma e no espaço. É livro, enfim, para não se perder, porque Rosa erigiu a mais deliciosa e fecunda obra literária no idioma português/brasileiro/rosiano. Constitui alta literatura, academia de musculação do psiquismo humano, na visão de Marco Aurélio Baggio, psiquiatra e escritor, cujos títulos validam seus conceitos sobre o menino de Cordisburgo. Sertão perene!

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