Urubus mecânicos: uma solução econômica e ambiental para dar fim aos resíduos

Jornal O Norte
13/08/2005 às 00:13.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:49




José do Espírito Santo


As graxarias, locais destinados ao processamento e aproveitamento de matérias-primas gordurosas e de subprodutos não comestíveis de animais em Montes Claros e região, estão fechadas ou paralisadas devido a falta de oferta e procura desses produtos no mercado. A conseqüência, em parte, deve-se a uma ação preventiva do Governo Federal ao “mal da vaca louca” – doença que surgiu na Inglaterra, em 2000.          

Segundo Fábio Konovaloff Lacerda, veterinário e fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Montes Claros, a Instrução Normativa n° 15 (de 29 de outubro de 2003) proíbe o uso da farinha de ossos na ração animal para ruminantes. Para ele, uma medida correta já que o Brasil está livre da Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) e a principal forma de contaminação dos animais é a ingestão de proteína animal infectada.

Na alimentação de animais não ruminantes, a farinha de carne e ossos é permitida, desde que as graxarias façam a esterilização do produto a uma temperatura superior a 133º C, por um tempo mínimo de 20 minutos e a uma pressão de 3 bars.

Segundo Aurélio Sarmento Trindade, sócio-gerente de uma fábrica de farinha de ossos, em Nova Porteirinha, “a baixa produção e, até o fechamento de algumas graxarias, é conseqüência do mercado consumidor: a procura pelos produtos está aquém do esperado. O quilo de sebo que chegou a ser negociado a R$ 0,80, hoje está sendo vendido a R$ 0,15 e R$ 0,20; com a farinha de ossos não é diferente”. Franklin Damasceno Martins, funcionário de uma loja de rações e adubos em Montes Claros, confirma que o mercado de farinha e sebo está muito fraco e não paga os custos de produção.

Em Montes Claros e Bocaiúva, o trabalho de recolhimento dos ossos é feito através de uma indústria de ração sediada em Patos de Minas, que recolhe diariamente o produto. A não aplicação do Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação em abatedouros e estabelecimentos que processam resíduos destinados à alimentação animal faz mal a saúde humana e ao meio ambiente. Sem o devido processamento dos ossos, os mesmos são jogados em aterros sanitários, terrenos baldios, beira de rodovias, encostas e rios - prática antiga e corriqueira de muitos que exploram essa atividade industrial.

A alternativa para o escoamento da farinha de ossos está no campo. Aplicada como adubo na correção do solo para a melhoria de lavouras e pastagens, esta é uma opção econômica para as graxarias, além de solução óbvia que traz respaldo positivo na preservação do meio ambiente.





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