Um velho conto renascido

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 25/07/2013 às 09:14.Atualizado em 15/11/2021 às 17:07.

Por Manoel Hygino


Um velho conto ou crônica, não sei bem, de autoria de Artur Azevedo, escritor de prestígio no Rio de Janeiro, conta o caso de uma criança que tinha profunda admiração pelo pai pelo notório saber. O cidadão conhecia de tudo, inclusive, da língua portuguesa e o significado das palavras.

Foi, então, que o menino curioso, perguntou: “Pai, o que é plebiscito?” O genitor mudou de assunto, percorreu uma sala e outra, pigarreou, passou os dedos pelo bigode, resmungando: “Ora, plebiscito! Quem não sabe o que é plebiscito? Não é palavra muito usada, mas muito conhecida aqui e em Portugal”. Mas não revelava um sinônimo ou a acepção do vocábulo.

Assim, estamos agora, mesmo depois de termos realizado consulta popular, há bem anos, na hora de decidir sobre parlamentarismo e presidencialismo, e antes entre república ou monarquia.

Artur Nabatino Gonçalves de Azevedo é autor de numerosos livros e peças levadas à cena com sucesso no velho Rio.

No princípio do século passado, 1902, veio conhecer a novíssima e esplêndida capital dos mineiros – Belo Horizonte, registrando suas impressões pela Imprensa carioca. Introduziu no Brasil, com Moreira Sampaio, o teatro musicado, escrevendo operetas, burletas e revistas de grande popularidade; depois de tentar, sem sucesso, ganhar a vida como professor de escolas.

Na historieta em foco, o pai disfarçadamente vai ao escritório e consulta o dicionário, e exultantemente ensinando com ar professoral ao filho: “Então, você não sabe? Muito simples, plebiscito é o voto do povo sobre uma proposta que lhe é apresentada, ou sobre uma pergunta que lhe é feita e a que responde com sim ou não. Na Roma antiga, deu-se o nome de plebiscito (de scita plebis), às leis que a plebe estabelecesse separadamente das ordens superiores da República. No tempo moderno, é a consulta formulada a todos os eleitores de um país ou de uma área de território acerca de determinado problema. Através do sufrágio universal, apura-se se o povo aprova ou desaprova uma mudança pública de importância.

No Brasil do século XXI, aventa-se a ideia de um plebiscito. Constitui iniciativa válida. Restaria saber se os políticos deste país e todos os que usufruem das benesses do poder, inclusive por trapaças mil, estão de acordo e dispostos a submeter-se às imposições que a nobreza dos cargos exige.

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