UM CONTO DE NATAL

Jornal O Norte
Publicado em 12/12/2011 às 22:13.Atualizado em 15/11/2021 às 06:13.

Luiz Giovanni Santa Rosa.


Colaborador



Rosita era filha de um ajudante de caminhão, Raimundo,  “chapa de caminhão”.Este  saia cedo para o trabalho só voltando para casa ao anoitecer. Diversas vezes retornava com as mãos e os bolsos vazios, pois a cidade era pequena e nem sempre havia caminhões para descarregar. Abatido entrava no casebre, aonde juntamente com a esposa e a filha de 5 anos, Rosita, iam para a mesa, carcomida de carunchos, enganar o estômago com o resto de comida poupada no almoço. Aquela pobre família já estava acostumada a ir dormir com a barriga roncando de fome. Certa manhã, antes de sair em busca do sustento da família, Raimundo vai ao berço da filhinha para dar-lhe o costumeiro beijo de todas as manhãs, Rosita, após receber o beijo, com um sorriso nos lábios diz ao pai: -  papai, hoje é 24 de dezembro, leve esta carta e entregue ao Papai Noel, não esqueça, pois nela eu peço uma boneca loura, de olhos azuis, igual aquelas das meninas ricas que moram na cidade; estende a mãozinha e entrega a Raimundo um pedaço de envelope sujo e amarrotado. Ao chegar à cidade, a amarga tristeza, envolve aquele pobre pai; não havia nenhum caminhão para descarregar, os brinquedos já haviam chegado nas lojas na semana passada. Raimundo não se deu por vencido, durante todo dia andou por aquela cidade em busca de qualquer trabalho que lhe rendesse uma quantia que desse para comprar, pelo menos uma boneca de pano, mas tudo foi em vão. Chegou a noite e com ela uma chuva fina a molhar Raimundo, que cabisbaixo retornava ao barraco sem dinheiro, sem a boneca loura. Os pingos da chuva se misturavam com as lágrimas daquele triste pai. Seguia Raimundo pela beira da estrada quando uma luz forte agride os seus olhos molhados. Um caminhão para ao seu lado; dentro daquele carro estava um único homem e este lhe dirige nos seguintes termos: meu bom-homem, preciso chegar ao Orfanato desta cidade, antes da meia-noite e não sei onde fica, podes ajudar-me? Raimundo, paciente e solícito explica ao forasteiro o endereço do lar das crianças. O  carismático caminhoneiro, agradecendo entrega a Raimundo um embrulho e diz: entregue este embrulho à sua filhinha e diga-lhe que Papai Noel recebeu a sua carta. Raimundo recebeu o embrulho mas nada pode falar, sua voz sumira na garganta...; estático  observa o caminhão desaparecer na curva em direção da cidade. Abraçado ao embrulho, a correr, segue para seu barraco enquanto a chuva fina e as lágrimas da emoção lavam a tristeza que antes sujava aquele rosto. Rosita, de braços abertos, vem ao encontro do pai, este deposita em suas mãos o embrulho e diz com voz entrecortada: filhinha  a sua carta foi recebida. A pequena família acerca-se da mesa... as mãos de Rosita rasgam o papel cintilante, surge uma caixeta azul salpicada de estrelinha douradas, Rosita suspende a tampa,... seus olhinhos surpresos contemplam uma linda boneca loira de olhos cor de esmeraldas,  na mão direita um cartão onde se lê:à Rosita e aos seus pais desejo-lhes UM FELIZ NATAL, Papai Noel.



Raimundo sente que novas lágrimas, acumuladas nas comportas dos olhos, já não podem ser contidas. Ergue o olhar para o céu em agradecimento, mas os seus olhos concentram-se em um quadro dependurado no alto da parede e até então despercebido... Raimundo se estremece, percebe, naquele quadro a figura de cabelos longos, da cor do trigo maduro, olhos serenos, semblante que irradia ternura e bondade. Sim! Era a mesma face do Homem do Caminhão; era Ele! Aquele que a mais de 2000 anos nasceu em Belém de Judá e que nasce, todos os dias, nos corações  daqueles que amam o Senhor seu Deus sobre todas as coisas e ao seu semelhante como a si mesmo.

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