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Terça-Feira,16 de Setembro

Sobrevivência política

Jornal O Norte
Publicado em 30/08/2011 às 22:43.Atualizado em 15/11/2021 às 06:04.

Marcelo Valmor Paculdino Ferreira (*)



As discussões em torno do número de vereadores da nossa Câmara Municipal tem mobilizado os debates naquela Casa. Não faltam, na sua maioria, defensores da sua ampliação. O que coloca os vereadores em posições contrárias, no entanto, diz respeito somente ao número ideal. Alguns falam em 19, outros em 21, enquanto a maioria fecha mesmo é em torno de 23.



Estive a conversar com algumas pessoas, trabalhadores de um modo geral, e todos são contrários a ampliação deste quadro. O motivo? Aumento de despesas. Mesmo com meus argumentos de que o orçamento da Câmara atende a legislação que a fixa em 6% (seis por cento), muitos duvidavam. Preferem, por conta do histórico dos nossos políticos, deixar como está.



Temos, portanto, um impasse, que deverá ser resolvido, como sempre, de cima para baixo, ou seja, a Câmara terá seu quadro ampliado, o que não implicará em aumento de gastos, daí minha inquietação. Afinal, estamos diante de uma situação sui generis, ou seja, vereadores admitindo novos colegas e abrindo mão de proventos!



Para resolver essa situação, o negócio foi recorrer à impressão que a população tem do trabalho do nosso legislativo. A avaliação, principalmente depois da ocorrência da Operação Pombo Correio, quando vários vereadores foram pegos em flagrante delito e recebendo valores de forma ilegal, manchou a legislatura passada, e somada ao descontentamento da população com a atual, anda contribuindo para um forte sentimento de renovação daquela Casa.



A solução encontrada pelos nossos edis, portanto, foi de dar os anéis para não perder os dedos ao admitir novos colegas, garantindo, assim, espaço nos próximos quatro anos. E eles têm razão ao raciocinar nessa lógica, já que temos vários interessados naquelas cadeiras e dispostos a realizar um bom trabalho.



E pelo menos quatro nomes são fortíssimos candidatos a uma cadeira no legislativo ano que vem, a saber: Raquel Muniz, Eduardo Madureira (PT), Júnior de Samambaia e Natalino Gonçalves (PRP), além de Ademar Bicalho, Aurindo Ribeiro e vai por aí afora. A se manter o número de quinze vereadores, onde acomodar os atuais?



Portanto, o argumento de que a cidade cresceu, que os bairros encontram-se sem representação política, etc., esbarra na falta de soluções para os graves problemas que aflige toda Montes Claros.



Esse comportamento da nossa Câmara me lembra, e muito, a estratégia da elite patrícia romana que, pressionada pelos plebeus, abria suas fileiras para a entrada de alguns descontentes, num típico estilo sanfona para, num segundo momento, fechar sobre si mesma.



Não é por aí.


          


(*) Professor e Jornalista


 

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