Sob o signo do banditismo

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 20/03/2014 às 02:27.Atualizado em 15/11/2021 às 16:47.

* Manoel Hygino

Há uma obsessão generalizada com relação ao banditismo no país presentemente? Será que a imprensa exagera na ênfase dada ao problema, embora incontestável? A verdade nua, crua e fua – como dizia o professor Assis Sobrinho – é que brasileiros se encontram duramente sitiados, ainda que o Brasil tenha oito milhões e quinhentos mil quilômetros de extensão.

É muito difícil tomar conta desse tamanhão de território. Mas se as organizações e grupos de bandidos o podem, por que não as forças de segurança, nelas se incluindo todos os dispositivos, somando muitos milhares de homens e equipamentos modernos recém-adquiridos?

O caso de Itamonte é significativo, mesmo cinematográfico, lá no Sul do Estado, mas os criminosos levaram a pior, graças à conjunção de forças policiais de Minas e São Paulo, e a contribuição da PRF. Na mesma região, na histórica Itajubá, berço do presidente Wenceslau Brás (que declarou guerra ao Eixo na Primeira Guerra mundial), os bandidos usaram coquetel molotov, incendiaram coletivos e dispararam armas contra a residência do diretor do presídio.

Mas o setentrião mineiro está também na mira dos criminosos. Aliás, onde houver uma agência bancária, há risco e medo, quando não terror. O Brasil deixou ocupar-se pelos foras da lei, sejam da política ou dos esquemas criminosos. Em Riachinho, a mais de 500 quilômetros da capital, no Noroeste, fuzis, metralhadoras e espingardas de grosso calibre, submeteram os nove mil habitantes da pacata cidade, assaltando os dois bancos e fazendo a limpa.

O brilhante advogado Petrônio Braz, também escritor, narra o que ouviu: “Contaram-me que um senhor, cujo nome não me foi revelado, residente em uma cidade qualquer, sentindo a presença de um ladrão em sua residência, telefonou à Polícia e informou o fato. Na outra ponta da linha, alguém respondeu: “No momento não temos uma viatura disponível, mas está anotado e vamos providenciar”. Os movimentos no interior da casa continuaram. Passada mais de meia hora, o cidadão ligou novamente. Responderam: “Aguarde só um momentinho, que vamos atender”. Uma hora depois, ele telefonou: “Não precisam vir. “Eu matei o ladrão”. Em menos de dez minutos ouviam-se, as sirenes e duas viaturas já estavam na porta da casa. A televisão chegou primeiro e um batalhão de repórteres. Membros atuantes dos “Direitos Humanos” acorreram logo em seguida, para o indispensável protesto. O brasileiro, em sua residência, abriu a porta e declarou: “não se preocupem, o ladrão furtou o que quis e foi embora. Não matei ninguém, mesmo porque não posso possuir arma, nem mesmo para a defesa de minha casa e de minha família”.

As pessoas honestas e trabalhadoras estão enclausuradas em suas casas, cercadas por muros, sem direito de manter, por um segundo, a porta aberta. A lei desarmou o cidadão digno, mas não desarmou o bandido.

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