Dener Versiani Kroger
Um filho que muito ama o pai
Aproveite este dia, para conhecer um pai, antes que a espécie se acabe.
Meu pai, foi um camarada destes que pouca gente conhece, um dia, quando eu tinha dezessete anos, me fez engolir um cigarro, coisa que não esqueci até hoje.
Nunca comprou para si mesmo, um sapato tão bonito como os que comprou para mim, nem se vestiu como eu, nos alfaiates que me pagou e nem pode ler como eu os livros que me comprou, mas meu pai me ensinou coisas e gestos, que nenhum livro ensinou.
A sua sabedoria era simples e objetiva, como a de um pedreiro, qual era. A sua filosofia fora um grande exemplo de vida;
Filho, o mais forte deve agüentar o maior peso.
Filho, ninguém deve dar o passo maior que a perna, quando você tiver um filho você vai saber o que é ser pai.
Filho, não existe escuridão maior que a da meia noite.
Filho, para ser justo é preciso sempre ouvir os dois lados da questão.
Filho, dizia meu pai, quando agente é bigorna, deve agüentar as pancadas até a hora de ser martelo.
Meu pai temia muito a vergonha, por isso nunca envergonhou ninguém. Um dia meu pai na sua simplicidade descobriu uma grande solução; os mentirosos deveriam ser mandados para uma ilha deserta para ficarem todos juntos, os ladrões, os falsos e também os exploradores. Ele, na sua simplicidade queria cada um no que é seu e no encontro dos iguais.
Sempre acreditou em mim, por isso quando eu mentia, sentia tanta vergonha que logo voltava lá para me falar da verdade.
Sim, ele mentia, mas, em se tratando de causos, o que inerente.
Não sei onde ele aprendeu Sócrates, Thales ou Platão, mas quando eu abri os livros dos gregos que já sabiam, descobri que já eu sabia, porque meu pai me ensinara.
E diziam para meu pai, mas você não vai nem ali nem acolá? Perguntavam as pessoas, e ele olhava para elas, enxergando seus problemas, matutava, se estou bem no meu barco, pra que mergulhar no mar arriscando me afogar, se precisar eu mergulho, mas eu vejo vocês nadando, sem destino, se cansando, sou capitão deste barco e sei onde vou chegar, a minha tripulação pode confiar em mim, se um dia o barco afundar sou o último a saltar.
Um dia, numa pesquisa, descobri que pesado os pesares minha mãe era feliz...
Nesse domingo, nos vamos nos reunir e comer do mesmo feijão.
Se meu pai tivesse estudado, teria sido um grande líder revolucionário ou um governo descente ou talvez fosse um bandido.
Nunca chamei meu pai de velho, meu pai para mim foi uma árvore, dessas duras de cair, dessas que crescem firme, dessas que morrem de pé, dessas que deitam raízes de verdade e espalham sementes de justiça.
Hoje, no seu dia, não o tenho, uma pena.
Você leitor, que o tem, ame-o, vale a pena.
Matéria dedicada a um homem chamado ”Piloto”,
Czar da sua união,
Presidente democrático da república dos seus filhos unidos.
Chefão da sua máfia.
Marido da sua mulher.
Escravo do seu amor.
Avô, de seus netos.
Não há nenhuma lei do mundo capaz de mudar o que este homem já fez. O que ele fez com a sua simplicidade e sua humildade está feito.
(Adaptado a partir de um texto de Hélio Ribeiro)