Por Ézio Rezende
* Superintendente da Fundação
Projeto Pescar
Em tempos de preparativos para a Copa de 2014, é fascinante perceber o quanto o futebol consegue mobilizar torcedores e conquistar a atenção de milhões de pessoas. Na mesma proporção são as movimentações financeiras alavancadas por este segmento.
Nós brasileiros entendemos muito de torcida, e isso começa cedo em nossas vidas. Um fenômeno que me encanta no universo das torcidas é o poder que estas exercem sobre os times, sendo um elemento determinante no futebol. É comum ver um técnico substituído em razão da voz da torcida ou jogadores serem contratados ou demitidos pelo mesmo motivo. Imagine se a Educação no Brasil seguisse a mesma lógica.
Tão comum quanto conversar sobre a rodada da semana é a resposta para o histórico problema estrutural do nosso país. Faça o teste: pergunte a quem estiver a seu lado no que o Brasil deveria investir para mudar sua realidade socioeconômica? Arrisco supor que, mesmo considerando os diferentes motivos que têm levado milhões de brasileiros às ruas em manifestações, de cinco respostas, quatro serão Educação. Alguém afirmará que deveríamos substituir todos os políticos, o que acaba apontando novamente para a Educação como base da solução, pois uma sociedade com Educação de qualidade vota melhor. Se é consenso que o caminho é este, o que falta para o tema se tornar urgente?
Enquanto que um país como a Coreia do Sul se organiza para colocar todos os livros didáticos em nuvem para acesso de seus alunos, nós, no Brasil, amarguramos o número de 3,5 milhões de jovens, entre 15 e 17 anos, fora do ensino médio. Por quê? Segundo a pesquisa “O que pensam os jovens de baixa renda sobre a escola”, realizada pela Fundação Victor Civita e pelo Cebrap e que ouviu mil jovens de 15 a 19 anos, nossas escolas são desorganizadas, inseguras e as matérias sem utilidade. Apesar de experiências públicas exitosas, da participação de organizações sociais que se dedicam a melhorar a qualidade da Educação e do trabalho heroico de inúmeros professores, nossas escolas precisam ser mais atrativas, desafiadoras e produtivas.
Imaginem o poder de milhões de brasileiros torcendo pela Educação de qualidade como torcemos pela seleção brasileira? Certamente os investimentos privados aumentariam e os governantes públicos priorizariam este tema. Não tenho dúvidas que seria apenas uma questão de tempo para erguermos a taça do desenvolvimento sustentável em nosso país.