Saúde é o que interessa

Jornal O Norte
Publicado em 30/03/2006 às 11:27.Atualizado em 15/11/2021 às 08:32.

José Geraldo Mendonça *



Eu acredito que as empresas precisam agir de forma pró-ativa nas comunidades, mas respeitando valores, éticas culturais, sociais e o meio ambiente. E é importante que as ações e contribuições das empresas para a estratégia competitiva de mercado reflitam sempre a cidadania e a responsabilidade social.



No programa Vivendo melhor, da Cenibra, mudar a rotina significa maior qualidade de vida. Os menos avisados podem estranhar a rotina de trabalho adotado pela Cenibra, pois, em meio a chaminés e caminhões que trafegam pelas ruas internas da empresa, às margens da BR 381, em Belo Oriente, no Vale do Aço, pode-se encontrar de tudo, funcionários trabalhando, é claro, mas também recebendo massagem antiestresse, treinando corrida e consultando-se com nutricionista. Mas essa visão, que pode ser considerada um tanto surreal para alguns, na verdade é uma demonstração de que investimentos em qualidade de vida dos empregados é um bom negócio para ambos os lados.



Toda essa mudança é resultado do programa Vivendo melhor, dedicado à promoção da qualidade de vida implantado pela empresa há três anos. E faz parte de um programa idealizado por Maria Marta Miranda, coordenadora de assistência social, benefícios e medicina do trabalho da Cenibra. E, além dessas atividades, o programa também engloba outros projetos de apoio à gestante, de acompanhamento a funcionários afastados, de promoção de saúde, de integração família-empresa, de nutrição, ecologia e educação alimentar, além de eventos como Semana de bem com a vida e Semana da saúde.



Em 2005, a Cenibra recebeu um prêmio nacional da ABQV - Associação brasileira de qualidade de vida, como a melhor empresa do país nesse quesito. De acordo com a coordenadora de recursos humanos, Maria Marta Miranda, os custos de implantação do programa são mínimos.



- É triste falar assim, mas as empresas de nosso município ainda estão vivendo na pré-história da industrialização



- O investimento na saúde do trabalhador e sua família se reflete no nosso plano de saúde, porque reduz gastos com ele. Além disso, é importante que os funcionários sintam orgulho de trabalhar na nossa empresa. E, ao darmos pausa no trabalho para realizar algumas atividades diferenciadas, o empregado retorna ao serviço com o ânimo renovado - avalia.



Em três anos de existência, a APQV, com cobertura para 1.860 funcionários, reduziu em 30% as ocorrências de colesterol alto, sobrepeso e tabagismo na empresa. Como reflexo, a produção da Cenibra cresceu, e isso é bom para a fábrica, também é bom para os empregados, que sentiram o efeito em sua participação nos lucros da empresa, o que é compartilhado com eles.



Durante todo o ano, todo mundo pode ficar de bem com a vida. Diariamente, atividades físicas são oferecidas. Mas a Semana de bem com a vida, braço do programa Vivendo melhor, que acontece duas vezes por ano, chama a atenção. O projeto acontece há dois anos e promove uma verdadeira mudança no ritmo da empresa. Os funcionários têm a possibilidade de brincar, dançar e aprender mais durante o horário de trabalho. De 06 a 10 de fevereiro último aconteceu o evento mais recente. Durante o evento são oferecidas diversas atividades, como jogos de mesa, buraco, truco, totó, sinuca, pingue-pongue, dança de salão, massagem expressa, cabeleireiro e maquiadora. O objetivo é mudar o ritmo da empresa de verdade.



- Os funcionários se sentem maravilhosamente bem e recompensam a empresa, produzindo mais e melhor - diz o gerente de RH Fernando Borel.



Os reflexos na vida dos trabalhadores são marcantes. Os atletas da Cenibra já participam com destaque de corridas em todo o país, como a Volta da Pampulha e a Corrida de São Silvestre.



O que eu procuro mostrar é como algumas empresas do país começam a praticar uma administração muito mais moderna e humanista, voltada para a inclusão participativa e cooperativa – a chamada gestão inclusiva, desviando-se da postura minimalista de cumprir a legislação, fugindo da postura discriminatória das doações filantrópicas e caminhando efetivamente para a estratégia de cidadania integrada ao negócio.



É triste falar assim, mas as empresas de nosso município ainda estão vivendo na pré-história da industrialização, pois ainda procuram sugar o mais que puder de seus funcionários, sem dar nada em troca. E esta é uma postura realmente muito errada das nossas lideranças empresariais.



Quando é que nossos empresários vão acordar para a nova realidade do mundo globalizado dos negócios, voltada para uma administração mais dinâmica e moderna, onde haja uma preocupação com o bem estar de todos que compõem a força de trabalho da empresa?



Eu vou continuar cobrando de todos essa nova postura, porque este país só vai se desenvolver socialmente a partir do momento em que todos se engajarem nesse processo de forma ética, com muita responsabilidade social e espírito de cidadania. E, por isso, eu acho importante mostrar tudo que é feito de mais moderno e avançado nesse campo, para abrir os olhos de nossos empresários retrógrados.



* Pesquisador e professor universitário


mendonca_josegeraldo@yahoo.com.br

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