A partir do próximo mês de agosto, toda criança recém-nascida no município de Montes Claros será submetida a uma investigação, através da triagem neonatal (teste do pezinho), para identificação da doença de Chagas, em sua forma congênita. O procedimento amplia a pesquisa do elenco já investigado de doenças, como Hipotireoidismo congênito, Fenilcetonúria, Anemia falciforme e Fibrose cística, identificáveis a partir do teste. Com o novo exame, realizado de forma concentrada em todo o estado de Minas Gerais pelo Núcleo de pesquisa e apoio diagnóstico, da Universidade federal de Minas Gerais poderá ser identificado precocemente no sangue do recém-nascido a presença da Tripanosomíase americana ou doença de Chagas congênita, isto é, por herança da mãe portadora.
O teste do pezinho foi implantado no município de Montes Claros em meados do ano de 1996 e era realizado somente nos centros de saúde. Atualmente, além das unidades básicas de saúde, também o realizam o hospital Universitário da Unimontes e a Santa Casa.
Daquele ano até hoje, já foram realizados cerca de 70 mil exames, média de 7 mil recém-nascidos por ano. Segundo informações do coordenador do Programa de triagem neonatal da secretaria municipal de Saúde de Montes Claros, Antônio Prates Caldeira, o teste é realizado, idealmente, no quinto dia de vida da criança, tempo necessário e adequado para se identificar doenças no sangue do bebê. Mais tarde, significa atrasar o diagnóstico e o tratamento, com prejuízos para a sua saúde.
O TESTE
A técnica para coleta de ínfima quantidade de sangue da criança consiste em pequena punção realizada na região do calcanhar, cujas gotas serão recolhidas em papel de filtro. Após secagem, esse material é encaminhado para Belo Horizonte, onde o exame é realizado.
Segundo informações contidas no Manual de organização e normas técnicas Para triagem neonatal, do Programa de triagem neonatal do estado de Minas Gerais, para a feitura da punção e a obtenção de gotículas de sangue, utiliza-se, não raro, o aquecimento prévio do pé, providência que - segundo ainda o manual - promove um aumento do fluxo sangüíneo no calcanhar, propiciando maior quantidade de sangue e, conseqüentemente, uma gota de maior tamanho.
Sempre conforme o manual, o pé deve ser aquecido a uma temperatura de aproximadamente 44 graus centígrados durante cinco minutos. Qualquer método de aquecimento pode ser utilizado, desde que sejam observadas as recomendações. Recomenda-se usar a bolsa de água quente por ser um método de fácil manuseio que pode ser utilizado em qualquer unidade de saúde.
No último dia 18 de julho, em uma das unidades básicas de saúde do município, a inobservância por parte de uma servidora - devidamente treinada e experiente - da temperatura ideal da água utilizada para aquecer o calcanhar de uma criança resultou em queimadura. O fato preocupou os pais, mas as providências cabíveis foram tomadas pela coordenação do Programa e pela secretaria municipal de Saúde.