Sapatada na rechonchuda: Chico Buarque e o futebol do fim-de-semana - por Nairlan Clayton Barbosa

Jornal O Norte
Publicado em 20/08/2008 às 09:58.Atualizado em 15/11/2021 às 07:41.

Nairlan Clayton Barbosa


www.sapatada.blogspot.com



Depois dos últimos jogos acontecidos, não sei por que entrei num clima de associar os fatos acontecidos à letras imortais do grande Juninho de Adelaide, um tal de Francisco Buarque, ou, para os mais íntimos, apenas Chico. Confesso, o processo da música com o futebol, é deveras salutar. Analisem e vejam se não concordam comigo...


 


Forrobodó (Chico Buarque e Edu Lobo)



Quem foi à Arena do Todos os Santos no sábado a tarde, levando o seu quilo de alimento não-perecível para assistir, ou então sintonizou nas ondas da Expressão FM 104,9 para ouvir o jogo entre Funorte Jr e Uberlândia não se arrependeu.



Depois de entrar com um salto que parecia ter no mínimo 3 andares, o alviverde do Triângulo viu como se dança um Forrobodó arrumado em 4 tempos de zabumba.



O Formigão Júnior sapecou uma sapatada na rechonchuda para cima do Uberlândia sem tomar conhecimento de onde vinham ou para onde iam, e nem tampouco que a base do seu time é na sua maioria composta por jogadores do Atlético Mineiro. Dava gosto ver. A combinação Forró com Triângulo foi perfeita. Deveras, os garotos da ponta de minas ficaram tão desnorteados com esse “Forrobodó” de sexta feira em pleno Sábado que ao invés de perderem o rumo de casa, resolveram esticar sua estadia em Montes Claros e apreciar “o que é que a baiana tem (homenagem rápida ao imortal Caymmi que nos deixou nesse mesmo fim de semana)” no Festival do Folclore e disfarçar a vergonha de levar 4 gols com gosto de Zabelê e Banzé, ao mesmo tempo. Viva o Funorte que sabe tocar zabumba no seu terreiro pra salto alto cair e viva mestre Zanza, que é cantador e faz participar do folclore quem não acha o rumo de casa, no caso, o rumo do triângulo!



Apesar de você (Chico Buarque)



No domingo, me enchi de esperanças com o jogo do Galo contra o Flusão em pleno Maracanã. O Tricolor das Laranjeiras não anda lá bem das pernas, e sendo assim, imaginei piamente que no mínimo o Galo sairia com um empate do Templo-mor do futebol mundial. Ledo engano. O Atlético até jogou, dominou bem a partida, com uma participação salutar e bem dirigida dos “vovôs” da equipe, Marques e Petkovic. Bem postado em campo, vi boas atuações de Mariano subindo sempre pela direita para apoiar o ataque e também atuações importantíssimas no meio com destaque para o bom combate de Serginho e Márcio Araújo. Me enchi de esperanças para gritar um golzinho que fosse do galo centenário, mas, ironicamente, numa jogada iniciada por Dario Conca, esquematizada por Washington e finalizada pelos pés do carrasco Dodô, tive que narrar um gol do Fluminense aos 16 minutos do segundo tempo. E dali permanecer esperançoso até os 49 quando no apitar final foi sacramentada mais uma derrota do mais lindo do mundo.



Triste a torcida. Triste penar.



Foi difícil. Foi amargo. Desceu com sabor de folha de boldo amassado misturado com Jiló bem verde. E isso depois de uma ressaca brava originada pela mistura de líquidos destilados, todos ao mesmo tempo num gole só.



Mas ainda resta a esperança, e como a melodia do tal Chico, “Apesar de você, Fluminense, amanhã há de ser um outro dia”. Que os Deuses do Futebol possam olhar com carinho para este Centenário que se aproxima do seu fim trazendo muito mais dores lombares para um ancião desguarnecido, no caso o Atlético, do que louros para um corpo salutar e tomado de vigor e energia para mais um século de existência.



Mulheres de Atenas (Chico Buarque – Augusto Boal)



Bonito de se ver foi mesmo o jogo das Meninas do Brasil contra a Alemanha nesta segunda pela manhã.



Poder de superação.



Toque de bola.



Alegria de jogar.



Orgulho de representar a nação brasileira.



Vontade de vencer.



Objetivos traçados.



Que alegria! Que futebol show!



Que ballet pra cima das gigantes alemãs.



Fiquei feliz da vida ao assistir o “passeio” invejável das meninas da seleção brasileira. Mesmo estando atrás no marcador, parece que já tinham a certeza da vitória. Áureos tempos do nosso esquete canarinho masculino, que em tempos de outrora, mesmo levando um gol, tínhamos a certeza inconteste de que a vitória seria nossa.



Ante esta profusão de qualidades ostentadas pelo selecionado feminino brasileiro, sou obrigado a fazer coro com os cronistas esportivos de todo país que, em alto e bom som lembram aos jogadores masculinos a melodia estrondosa do Tal Chico de Hollanda: “Mirem-se no exemplo, daquelas mulheres...” da China. Na China.



Ou então bando de rapagões preguiçosos, vão pra...



China que caiu...



Eu vou é ouvir Chico Buarque que faço melhor...

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