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Sábado,20 de Dezembro

Santo Antônio, o Santo Casamenteiro

Por Ruth Tupinambá Graça

Jornal O Norte
Publicado em 18/06/2013 às 10:46.Atualizado em 15/11/2021 às 17:04.

Por Ruth Tupinambá Graça


O mês de Junho é um mês alegre e regateiro. É o mês das Festas Juninas, das fogueiras e dos balões.


É o mês do Santo Antônio, o Santo casamenteiro, do São João, o


Santo cordeiro de Deus, e de São Pedro, o dono das chaves do céu.


O Santo Antônio é o mais alegre e protetor dos namorados. Também as solteironas, neste dia, fazem promessas e desesperadas se agarram ao


Santo Milagroso colocando de cabeça para baixo, sacrificando-o para resolver


os seus problemas. Caso não haja resultado satisfatório (não aparecendo o candidato) o pobre Santo agüentará o sacrifício até o próximo ano.


Mas as festas juninas já não são as mesmas. Ao invés das fogueiras em casa das famílias, glorificando os Santos, inventaram o “Dia dos Namorados que descaracterizou totalmente, a tradicional e folclórica festa junina. Émais um consumismo exagerado. Comerciantes ávidos de ganhar mais e mais, abarrotam as vitrinas com artigos (presentes para os namorados) de luxo numa “propaganda enganosa” que os jovens inexperientes caem como patinhos na água doce, sentindo-se na obrigação de presentear as suas eleitas, neste dia.


E é aquele “corre, corre” exagerado. O movimento na cidade é tanto, tornando-se impossível a movimentação dos pedestres. As lojas abarrotadas. Crianças, jovens e adultos “embasbacados” com a variedade e beleza dos artigos e das decorações procuram ansiosos os atendentes que, nem sempre, dão conta de


Resolver satisfatoriamente os pedidos daqueles fregueses afobados e exigentes.


E haja “dim-dim” para as compras exageradas. Muitos se sacrificam, gastando o que não podem, só para demonstrar (através dos presentes) o grande amor de sua vida.


Passam o dia dos namorados, 12 de Junho. Tanto sacrifício e nem sempre os presentes alcançam o objetivo desejado. Quantas decepções, quantos sonhos desfeitos!...


Acordam com a realidade batendo á sua porta. O cartão de crédito (o vilão da atualidade) que não dá moleza, acima do limite. Não desespere, não adianta chorar o “leite derramado”. Cuidado jovem e adulto também. Não se iludam. Fujam das facilidades de crédito, dos parcelamentos oferecidos no dia a dia... “Olho vivo” nas propostas enganosas. Só assim terão sossego e se livrarão dos cheques sem fundos e do terrível e ameaçador SPC.


Os tempos mudaram. Houve uma troca geral em tudo aquilo que prestigiávamos e que durante muitos anos nos acompanhou. As festas juninas dos grandes terreiros. Nos enormes quintais sombreados pelas mangueiras centenárias, testemunhas das melhores fogueiras, das festas juninas com o levantamento dos mastros, quando os Santos eram tão reverenciados, e todo bom cristão queria ser o próximo “mordomo” e no ano seguinte, ao som do reboar dos foguetes e dos cantos religiosos, o levantamento da bandeira com o santo do mês de junho. E logo depois a enorme mesa com os biscoitos mais gostosos, feitos com muito capricho, a canjica, o quentão para espantar o frio. E todos caiam


Caiam na dança até o sol raiar.


Toda essa beleza regional hoje foi trocada pelos sofisticados encontros nos salões dos Clubes Sócios. Somente nas Escolas Estaduais e Municipais as professoras ainda lutam para ter de volta as antigas festas juninas, mas nem sempre encontram o apoio dos pais dos alunos que preferem, por comodismo, levá-los para os Clubes.


Cadê o romantismo das festas juninas? E as quadrilhas que eram esperadas com tanta ansiedade, e era o ponto máximo dos festejos de junho?


E as “festas caipiras”, onde as mocinhas se embonecavam com os vestidos de chita, bem coloridos e rodados, os chapeuzinhos de palha enfeitados com flores de papel de seda nas cores bem alegres e as faces bem rosadas, num “carmim”


Exagerado e as boquinhas de coração, e os “casamentos da roça” com os noivos bem caracterizados desfilando, em carroças bem paramentadas, puxadas por um burro (muito lerdo) que não se espantava com o reboar dos foguetes do acompanhamento, enquanto os assistentes batiam palmas, aplaudindo aquele desfile tão regional!...


E a sanfona chiando, noite inteira, enquanto os casais caipiras dançavam e cantavam numa alegria própria do nosso sertão mineiro:



“Chegou a hora da fogueira, È noite de São João


O céu fica todo iluminado pintadinho de balão,


Pensando na cabocla a noite inteira


Também fica uma fogueira, dentro do meu coração “



Não adianta chorar... Mas a saudade, com alfinetadas gostosas, nos pica o coração e nos faz voltar ao passado.


Academia Montesclarense de Letras
Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros

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