São Victor

Por Luís Alberto Caldeira

Jornal O Norte
Publicado em 04/06/2013 às 08:53.Atualizado em 15/11/2021 às 17:03.

Por Luís Alberto Caldeira 


O Tijuana foi valente. Tanto lá quanto cá. No Horto, onde quem cai, “tá morto”. Não se intimidou frente ao dono da melhor campanha da Libertadores. Com um futebol superior a muito time da 1ª divisão do Campeonato Brasileiro, os Xolos jogaram para vencer e fizeram a vantagem do Galo virar detalhe sem importância nas quartas-de-final da competição.


Empatado em 1 a 1, o atleticano assistiu aos últimos minutos do jogo com o coração na mão, sem saber se torcia contra ou a favor do relógio. Afinal, se saísse um gol do Tijuana, o Galo teria que correr para marcar outro seu também. Já nos acréscimos (o árbitro deu 4, uma eternidade), veio o pânico pior do que vivido pelos personagens daquele filme de terror das máscaras que enfeitavam o slogan da invencibilidade do Atlético no Independência: pênalti contra o Galo aos 48 do segundo tempo. Nem o mais otimista do torcedor enxergava salvação depois da marcação da penalidade máxima dos gramados. Quando o coração preto e branco já se conformava com a derrota anunciada e com a zoação cruzeirense do dia seguinte, eis que surge o herói:


“Deeeeeeeeeeeeeeeeefendeu Victor, deeeeeeeeeefendeu Victor, deeeeeeeefendeu Victor, deeeeeeefendeu Victor, deeeeeeeeeeefendeu Victor. É goool, é gol, é gol do Galo, Victor, Victor, Victor, Victor, Victor, é gol do Galo. Victor, Victor, Victor, Victor faz o gol da classificação, vai terminar o jogo. Victor, Victor, Victor, Victor, Victor, Victor vai terrminarrr, o Galo esta classificado. O Victor defendeu pênalti, o Victor fez o gol da classificação. Acabouuuuuuuuuuuuuu! O Galo está classificado”, assim narrou, quase perdeu a voz e entrou para a galeria dos áudios históricos do futebol nacional o cronista esportivo da Rádio Globo, Osvaldo Cruz. Ganhou minha audiência para todos os próximos jogos do Atlético.


Inacreditável! Demos uma passeada no inferno e voltamos para o céu. Roberto Drummond e Reginauro Silva vibraram lá de cima.


Kalil, pode pagar o bicho dobrado para Victor! Ele merece uma estátua em frente à sede do Bairro de Lourdes, em BH. A segunda providência é fazer um seguro da perna esquerda salvadora do goleiro e mandar canonizar seu nome no Vaticano.


A alegria era tanta que a insônia invadiu a madrugada do torcedor atleticano. Victor foi o nome do jogo. Ninguém se lembrava mais de Leonardo Silva, aquele que cometeu o pênalti e ficou a um triz de se tornar o algoz do sonho do inédito título continental. Aliás, a hora de levantar a taça ainda não era nesta noite. Mas como publicou o jornal Estado de Minas em sua edição da manhã seguinte, “não importa o que aconteça daqui pra frente”. Os críticos e invejosos podem falar que foi “sorte de campeão”. O que é que esteja escrito nas próximas páginas da história do Atlético, a sorte é muito bem vinda! Para encher de alegria essa torcida mais bonita (e mais sofrida) do Brasil.



* Jornalista, pós-graduado em Comunicação Digital e atleticano declarado

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