*Manoel Hygino
A obsessiva ação governamental no incentivo à produção de veículos automotores é responsável por um sem número de problemas no país. Se de um lado mantém em plena atividade a produção, evitando o declínio da massa de seus trabalhadores, por outro incentiva ostensivamente o consumidor, que frequentemente não está preparado financeira e sequer psicologicamente para a responsabilidade de dirigir a máquina, possivelmente causadora de mortes e traumatismos.
Não se pode submeter a sociedade a esse tipo de pressão. As cidades brasileiras não foram construídas para receber um fluxo tal de carros, e nisso estão caminhões e outros veículos. As prefeituras não têm condições de alargar ruas, de abrir mais vias públicas, sequer de recuperar as já danificadas.
Nas estradas, novos e grandes problemas. Dos 95,7 mil quilômetros de rodovias avaliados em 2012 pela Confederação Nacional do Transporte, 60 mil apresentam algum tipo de deficiência. Isso representa 62,7% do total. O pavimento tem 45,9% de problemas e 66,2% de falhas na sinalização. A própria entidade calcula que, para a modernização da infraestrutura rodoviária brasileira, são necessárias R$ 170 bilhões.
Espantou a sociedade da capital, quando o prefeito reeleito admitiu que precisa de dez anos para deixar Belo Horizonte em condições adequadas de trânsito. Até lá... O que se vê é um drama diário dos que têm de deslocar-se para o trabalho diariamente, às vezes provocado por uma simples, mas imprescindível, intervenção.
Prevalece uma situação de generalização insatisfação, porque as ruas não suportam mais o fluxo incessante. E centenas de automóveis são emplacados diariamente em Belo Horizonte, ou porque o transporte coletivo seja precaríssimo, seja porque as pessoas são movidas pela publicidade para venda de veículos.
E o cidadão vai na conversa. As fábricas precisam produzir, a União precisa arrecadar, o sistema bancário facilita porque emprestar dinheiro é o seu papel.
O adquirente, na mais das vezes, não está preparado para ser proprietário e dirigir a máquina. Assim se formam filas enormes nos hospitais de ortopedia e traumatologia. O governo assume enormes despesas com esses enfermos, possivelmente muito mais elevadas do que o imposto arrecadado na venda dos veículos.
