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Terça-Feira,8 de Julho

Rua Dr. Santos

Jornal O Norte
Publicado em 07/02/2011 às 16:14.Atualizado em 15/11/2021 às 17:21.

Alberto Sena (*)


 


Para muita gente, a Rua Dr. Santos já teve o seu glamour, assim como a famosa Rua Quinze também, para gerações anteriores, rua que não frequentei porque devia estar nos queiros.



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Mas a Rua Dr. Santos, ali pela década de 1960, entrante 1970, era o que havia na cidade, porque as pessoas se aprontavam para tomar sorvete, sunday, vaca amarela ou vaca preta na A Cubana, na esquina com Rua Dom Pedro II.



O Cine Fátima, de Euler Araújo Lafetá, ficava logo ali, na Rua Dom Pedro II, em frente ao Bar Cambui, onde a meninada surrupiava chocolate Diamante Negro. O cine novo chegou com vontade, com bons filmes, cheios de Kirk Douglas, Burt Lancaster, Elizabeth Taylor, Gina Lollobrigida, John Wayne e muitos outros estrangeiros em contraposição aos filmes brasileiros de Zé Trindade, Mazzaropi, O Cangaceiro, de Lima Barreto, sobre Lampião e Maria Bonita.



Mas vamos voltar à Rua Dr. Santos daquela época porque é lá o point. Começa na Praça Coronel Ribeiro, na quina do Hotel São José. Da praça em sentido contrário, é a Rua Bocaiúva. Os carros descem a Rua Dr. Santos, que, como todas as ruas do centro de Montes Claros, foi aberta para charretes, carroças e veículos do gênero, porque nem se pensava à época em veículo automotor.



Então, convido a quem quiser descer comigo a Rua Dr. Santos para experimentar o gostinho. Mas vamos com cuidado, as lembranças são frágeis, podem até ser levadas pelo vento. Mas como em Montes Claros vento é coisa rara, pode ser que não corramos riscos. Então vamos andando, devagar. É devagar que se vai ao longe.



Do lado direito, naquela casa de paredes beges, jardim com alpendre, logo abaixo do hotel São José, é a casa do dentista prático Mário Viana. Contigua a casa dele moram os irmãos Amintas, Marcos e Fátima Tolentino. Marcos, colega de escola primária, no Grupo Escolar Gonçalves Chaves, já não está mais entre nós.



Na esquina com Rua D. João Antônio Pimenta, mora Alcione, João Batista e irmãos. Ali à esquerda, logo abaixo, é a casa do médico Crisantino Borém. Mais embaixo mora Carlos Medeiros, também ex-colega de escola primária. Ao lado, mora o médico João Valle Maurício.



Vamos dar uma parada na casa de Mauricinho porque Nair e Vitória, filhas dele, e a amiga delas, Beatriz Biondi, devem estar debruçadas ainda no alpendre vendo o vaivém das pessoas. Vamos conversar com elas como fazemos quase toda noite.



Por bom tempo, juntamente com Cícero Bastos, o Stru, paramos ali na porta para conversar com as três. Elas do lado de dentro, nós na calçada. Nos papos variados, tentamos muitas vezes resolver os mais graves problemas do mundo, enquanto com elas apreciávamos o movimento da rua.



Ali, quase em frente, fica a casa de Gilson Peres, o Gilson Capeta. Ele justifica o apelido ao se envolver em brigas, como uma que contei noutro dia.



Vamos descer um pouco mais. Logo ali naquela casa bonita, cinza bem clarinho, mora Luiz de Paula Ferreira, irmão dos falecidos João e Hermes de Paula. Fazendeiro e empresário, sócio do ex-vice-presidente da República, José Alencar, da Coteminas, Luiz de Paula é escritor e cronista do tempo em que a Montes Claros pachorrenta fazia gosto.



Numa ponta da esquina com a Rua Dom Pedro II, logo ali, veja, vivem os irmãos Colares - Ray, Cassimiro e os demais. E em frente deles, Wandaick Wanderley mora na casa voltada para a loja de roupas de Jomar, recentemente falecido, e João Batista Macedo, craques de futebol. Jomar foi jogador do Atlético, nos áureos tempos do Galo.



Bem do lado da loja de Jomar é a sapataria de Zumba. Ele mora no mesmo prédio com a família. Há do lado uma escada que leva ao apartamento dele, pai de Rita, casada com Ricardo Milo, o Tiupas.



É preciso ter memória de elefante para recordar de tudo, o que não é o meu caso. O tempo passa, o tempo voa, e todos sabem o que aconteceu com a caderneta de poupança Bamerindus.



O Jornal de Montes Claros fica ali no número 103, onde hoje é a sede da Caixa Econômica Federal. E se você quiser podemos entrar lá para que conheça a redação. A chave fica atrás da placa. Na saída a deixaremos no mesmo lugar.



A caminhada vai terminar no Mercado Municipal, na Praça Dr. Carlos, o casarão antigo, com um relógio cebolão no alto. Podemos comprar de tudo. Ou pegar “emprestado” uma melancia. E até filhote de maitaca. Fique à vontade, a casa é nossa. (Leiam na próxima semana: O tiroteio sobre a Rua Dr. Santos).



(*) Escritor e jornalista

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