Augusto Vieira José Vieira Neto
Escritor e juiz aposentado
Levei Ronaldo José de Almeida à praia. Valeu a pena. Entre noites enluaradas, céu estrelado, ventos gostosos, ranger de rede, dias de sol e barquinhos a deslizar no macio verde do quente mar da Bahia, li seus dois livros. Ficção de primeira qualidade de um talentoso jovem romancista que muito ainda produzirá.
Ronaldo se me revelou um mago dos enredos. No Data Vênia, Excelência bolou uma história fabulosa e verossímil, até seu final feliz, que é o coroamento do amor de duas pessoas que se supunham irmãs por parte de pai.
No Mademoiselle bolou lupanáricas e lapidares (até porque tem a Lapa como cenário), histórias de mais de duas décadas de um Rio de Janeiro ainda agrícola, dos coronéis do café, requintados cabarés, sofisticados malandros, artistas boêmios e impiedosos escroques. Maria das Dores, a Dandy, com seus sofrimentos, amores (até do presidente da República) e venturas não me sai da cabeça.
A Ronaldo quase nada escapou, nem o famoso e sempre relembrado duelo musical entre Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. Valeu, Ronaldo! Sua literatura só me fez confirmar a verdade da enigmática frase de Dostô: A beleza salvará o mundo. Beleza que encontramos também na literatura, como arte maior. Estou aguardando o próximo.