Jeny Canela Perosso
Pedagoga e funcionária pública municipal
jenycanela@ig.com.br
Uma das funções mais distintas e importantes da escola é ensinar a escrever despertando para todos os prazeres que podem advir da escrita. E a dificuldade colocada em torno da referida prática social, apesar de recorrente, não procede mormente porque se aprende a escrever e a gostar de fazê-lo.
Na nossa opinião, aprender a gostar de escrever depende, e muito, das estratégias de ensino a serem adotadas pela escola o que exige, numa primeiríssima instância, humildade no sentido de reconhecermos e aceitarmos a necessidade posta de mudança de postura e de atitude da escola também em relação ao processo de escrita.
Uma estratégia sugerida que cabe em todos os propósitos de formação de escritores competentes refere-se a necessidade da definição clara de objetivos da escrita solicitada. Ressalta-se nesse sentido, que normalmente os alunos escrevem para cumprirem uma tarefa escolar apenas, o que acaba desestimulando-os haja vista que, dessa forma, o fazem sem saberem para quem e para que estão escrevendo o que acentua a falta de significado da escrita produzida naquele momento. Assim, a escrita passa a ter caráter puramente avaliativo o que justifica, em grande parte, a resistencia da maioria dos estudantes em relação a escrita que, dessa forma, ganha caráter de automação que contribue enormemente para matar a beleza e as delicias próprias do ato de escrever de natureza eminentemente criativa.
Faz-se necessário sublinhar quão é importante para que a escrita se legitime como prática prazerosa, uma motivação maior no sentido de favorecer a valorização da mesma como instrumento dos mais valiosos e proficientes para participação na vida em sociedade. Motivação esta que pode acontecer, concomitantemente a definição dos objetivos a serem definidos juntamente com os alunos, numa conduta pedagógica que pode favorecer, dentre outros aspectos favoráveis, protagonismo dos alunos também com relação a prática da escrita, sugerindo também a possibilidade e a necessidade de os alunos optarem, em algumas situações, pelas temáticas a serem discorridas
Uma outra estratégia pedagógica sugerida refere-se ao tempo necessário que cada aluno precisa ter para escrever bons textos e que nem sempre é considerado pela escola. Pode-se considerar, nesse sentido, a possibilidade de a escola discutir e repensar o fato de que os grandes escritores também precisam voltar ao texto para reverem possíveis redundâncias e incoerências próprias do processo de escrita, além da grafia, da adequação vocabular e da concordância, aspectos linguisticos dos mais importantes que podem incidir na feitura de bons textos, ou não. A medida parece-nos pertinente e absolutamente necessária mormente porque garante um respeito real ao nível cognitivo dos alunos, bem como as habilidades individuais.
Ressalta-se, nessa perspectiva, que não considerar o tempo dos alunos, acentua uma autoridade austera do professor quando define, a priori, tema e minutos para que os alunos produzam textos. E o pior é que acabam sendo avaliados, muitas veze, sob a ótica única do mestre, restringindo a prática da escrita a uma excessiva e desnecessária didatização que, muitas vezes, ignora o potencial criativo e o imaginário dos alunos.É preciso valorizar, na prática da escrita, a criatividade que, muitas vezes, fica camuflada pelo excesso de preocupação em corrigir erros graficos num equívoco que tende a desmotivar os alunos para as delicias e efeitos da escrita.