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Sábado,20 de Dezembro

Recrudesce a barbárie

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 13/10/2014 às 23:08.Atualizado em 15/11/2021 às 16:38.

*Manoel Hygino

O Estado Islâmico (EI), um Estado que não existe, anda praticando atrocidades em regiões da Síria e do Iraque, junto à fronteira turca. É situação extremamente complexa e grave, que mais ameaça àquelas já vulneráveis áreas do Oriente Médio, em que vivem – ou tentam viver- os curdos, há décadas tentando independência.

Contando com suposto apoio da Al Qaeda, esse grupo sunita jihadista buscaria estabelecer ali um califado e promover uma espécie de revide às Cruzadas da Idade Média, graças às quais os cristãos conquistaram Jerusalém e os Lugares Santos. Seria, deste modo, reiniciar o conflito em pleno século XXI. Pretender-se-ia, neste 2014 findante, submeter o Ocidente a ideias ultrapassadas e práticas condenadas e condenáveis. Se o Ocidente chegou aos Lugares Santos, far-se-ia a viagem em sentido contrário, a partir das ações do es- drúxulo e violento EI, cuja visibilidade se dá com execuções sumárias e, como as televisões mostram, com decapitação de cidadãos ocidentais.

Para Ivan Lins, nosso maior estudioso da Idade Média e das Cruzadas, estas serviram para preservar a evolução ocidental do “temível proselitismo muçulmano”. Agora, já se pode avaliar o que quis dizer o ilustre membro da Academia Brasileira de Letras, filho do grande Edmundo Lins, que presidiu o Supremo Tribunal Federal em momento tormentoso da vida brasileira.

De 1095 a 1293, os europeus tentaram arrebatar a Terra Santa do controle muçulmano, morrendo nestes 200 anos cerca de três milhões de pessoas. Estamos retrocedendo no tempo e nos costumes. Algumas nações ocidentais se erguem contra o Estado (?) Islâmico, visando impedir o pior e o mais desumano.

Como se expressou o sociólogo Paulo Delgado, há poucos dias, “o terrorismo islâmico decepa cabeças, viola a honra de crianças, escraviza, tortura, como qualquer movimento expansionista que opera dentro das cortinas do horror que sobra da terra arrasada por instituições em frangalhos”.

Os ataques aéreos dos Estados Unidos, países ocidentais e árabes contra posições do Estado Islâmico, na primeira semana de outubro, ocorreram em meio à notícia de decapitação do refém britânico Alan Henning. E quem era Henning? Um trabalhador humanitário, que integrava um comboio que levava medicamentos para um hospital no nordeste da Síria em dezembro e foi sequestrado por homens armados.

Como de vezes anteriores, no vídeo aparece o verdugo vestido de preto, em local desértico. Mas o militante da EI ainda faz ameaças a outro homem, identificado como o agente humanitário norte-americano Peter Kassig, de 26 anos. Ele trabalhou no Líbano, Turquia e Síria ajudando as vítimas do conflito sírio, sendo sequestrado dentro de uma ambulância, no ano passado. Pode-se adivinhar o que lhe reserva o futuro, se já não aconteceu, e que será transmitido mundialmente pelas redes de televisão. A barbárie não cessa, não é pretérito.

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