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Quarta-Feira,17 de Dezembro

“ QUOUSQUE TANDEM , . . . ? ” ( Até quando , afinal . . . ? )

Jornal O Norte
Publicado em 22/12/2011 às 17:33.Atualizado em 15/11/2021 às 06:13.

Raimundo Avelar


Colaborador          


   


De  pronto ,  que  Deus  nos  ilumine  e  nos  abençoe  a  todos   e   –   em  afetiva  e   efetiva  parceria     –  favoreça  seja  bem  exitoso  e  profícuo  nosso  fundamental  propósito  quanto  à  grave   e   responsável  utilização  de  espaço  neste  bem conceituado  jornal  “ O  Norte  de  Minas ” ,   privilegiado   locus   que ,  por  elevado  escopo ,  deve  se  colocar    –  sempre   –   a  serviço  dos   mais  nobres  anseios  da  imensa  macro  região  norte  mineira   cujas  ricas   e   –   por certo   –   viabilizaveis  potencialidades   economicas apontam  para  a  desejada  auto sustentabilidade  do  harmonico  e  integral  desenvolvimento  regional .



Igualmente  de  imediato ,  cabe-nos  antecipar  reiterados  agradecimentos  à  Direção  de   “ O  Norte  de Minas ”   pela  confiança ,  decorrente  acolhida   e  cessão  de  espaços .     Entendendo   e  respeitando  o  DNA  do  noticiário ,  com  lúcida  consciencia  julgamos  conveniente  e  oportuno  adiantar , aqui , nosso   compromisso de :  


                                                                                                                                                          –  informar  e/ou  comentar  fatos  considerados  procedentes  objetivando  fundamentá-los  sob  rigorosa   égide  de  princípios  que  contemplem :   maximizada  ética ,   democrática  transparencia ,   evidente  im-  parcialidade   e  notória  disposição  de  estabelecer  efetiva   e  proativa interação com  o público leitor   e outros destinatários ; como  corolário ,  elaborar  impostergáveis   abordagens  que ,   após  cuidadosa  análise ,  se  nos  mos-  trem   mais  consentaneas   e   correspondentes  aos  mais  legítimos   e   prioritários  anseios  da  comuni-  dade . 



Por  último   –  porém  com  destacada  importancia  – ,  respeitosos  cumprimentos  aos  nossos  leitores ,  convidados  a  que  sejam ,   também ,  partícipes  deste   munus   ou  encargo  social  que  nos  é  imposto  a  todos  e  que ,  sob  enfoque  eminentemente  holístico    –   por  vários  recursos  disponiveis    –    deve  conjugar  esforços   que ,  transcendentalmente ,  alavanquem  o  integral   desenvolvimento  do   ser  hu-  mano .



Não  deverá   –   esperamos  –   haver  imunidade  ou   blindagem  alguma   quanto  aos  efeitos  de  possi-  veis  e  válidas  críticas  mas ,  apenas ,  aquele  milenar ,  sábio  e  prudente  cuidado  de ,   antes ,  conhe-  cer  melhor  para  “ bem  separar  o  joio  do  trigo ”. 





Críticas ,  só  pelo  criticar ,   são  estereis   chegando    –   por  vezes  –   a  ser  até  maléficas ,  deletérias .   Ao  contrário ,  uma  crítica  bem  intencionada   e  que  pretenda  ser  construtiva   deverá ,   até ,   ser  in-  centivada  e  bem  acolhida .       Portanto ,  nos  parece  pertinente  reafirmar   que  críticas    e  sugestões  são  desejadas   e  devem  ser  consideradas .



Mais  objetivamente ,  reportemo-nos   às  palavras  latinas   quousque   tandem   que  servem   de  título  a  esta  coluna  e  que ,  por  sua  vez ,  nos  fazem  remontar  àquela  Roma  antiga ,   “ messalina ”  Roma  dos   Césares ,   mediterranea    e   dominadora  potencia   do   mare   nostro ,   do  “ pão   e   circo ” ,    do  Coliseu ,    das  arenas   e   seus   gladiadores ,   das   conquistas   imperiais ,   dos   triunfalescos   arcos     e  colunas ,   à  orgíaca ,   libertina    e   devassa  Roma   das   torturas   e   barbáries ,   das   traiçoeiras  cons-         pirações    e   perseguições ,   dos  saques ,   criminosos   incendios   e    massacres  . . .                                    



São  palavras  latinas   que  nos  fazem  retroceder  aos  tempos  de   Cícero  ( Marco Túlio  –  de  106   a  43  a.C. ) ,   culto   e   corajoso  político   e   jurisconsulto  romano ,   eloquente    e   contundente  tribuno   que   –   pelos  anos   64/63  a. C.  –    denunciara   a   conspiração   urdida  por   Catilina ,   pronunciando  quatro  veementes  discursos ,  mundialmente  famosos   e  conhecidos  como   “ Catilinárias  ”  ,  correspondendo   quousque   tandem  ,  exatamente ,  às  duas  palavras  iniciais  da   primeira  investida  ( ou  discurso )   de  Cícero ,   cuja  frase  completa   da  acusação  tem ,   traduzida ,   a  incomoda  indagação :   “ Até  quando , afinal ,   abusarás ,   Catilina ,   da  nossa  paciencia ?  ” .



Visando  mais  nobre  escopo  e   independentemente  de  juízos  sobre  possíveis  invectivas  que  possam    sugerir  o  título   e   seus  subsequenciais  assuntos ,   as  abordagens  devem   CONSIDERAR ,  RESPEITAR ,  PRIVILEGIAR   e  PERMEAR  aspectos  ou  mais  evidentes  “ traços  caricaturais ”  como :                                –  maior  elasticidade   e   amplitude  de  espectro  no que tange  à  contextualização geográfica  e histórica dos enfoques ;  


                                                                                                                                                   –  fuga  ao  trato  de  questões  meramente  pessoais   valorizando ,  consequentemente ,   conjugados   e  suprapartidários  esforços  que  contemplem   os  mais  legítimos    e  urgentes  desejos   da   comunidade  montesclarense ,   bem  como  de  toda  a  sociedade  da  macrorregião  nortemineira ;                                  



–  menor  timidez  quanto  a  atividades  jornalísticas   tornando-as  mais  prospectivas  e  antecipatórias ,  visando sejam afloradas  necessidades  e  potencialidades  ainda não bem  satisfeitas  e  reveladas , respectivamente ;  


                                                                                                                                                           –  mais  ousadia   e   coragem  em  defesa   do   patrimonio  público ,   do  meio  ambiente   e   da  melhor  qualidade  de  vida  para  todos ,  de  maneira  mais  equanime ,  racional ,  harmonica   e   horizontal ,   o  que  vale  dizer :  - mais  saúde ,  - educação ,  - segurança ,  - emprego ,   - estrada ,   - conforto   e  lazer ,  tudo  segundo  prioridades  válidas   independentemente  do  destinatário  ser   o  perímetro  urbano    –  com  seus  bairros  periféricos   –   ou  os  Distritos  e  o  campo   –  com  suas  comunidades  rurais ;            –  por  fim ,  intransigente  rejeição  a  quaisquer  atitudes  que , insensatamente ,  objetivem :  inibir,  cer-  cear  e  sequestrar  a  dignidade  e  a  salutar  liberdade  dos   meios  de   comunicação   que  ,  lamentavel- mente ,   por  razões  escusas   se  acovardam ,   se  rendem ,   se  vendem   e    se  curvam   omissos   e/ou   submissos  a  variados   e   inconfessos  interesses .



O  recurso  às  contundentes  palavras  de  Cícero   –  para  título  da  coluna  – ,   certamente  encontraria  –   ainda  na  própria   língua  mãe  latina   –   outras  opções  válidas   e   bem  aplicáveis  tais  como   o  di-  tado   res ,  non   verba   ou  seja :   “ fatos ,   não  palavras ”    o  que   enseja  sentenciar :    determinadas    e  inúmeras   situações  não  podem ,  passivamente ,  se  contentar  com   a  incomoda  falácia   de  rebus- cadas  palavras  que  não  passam  de  meras   e   enganosas  promessas   que ,  nos  tempos  atuais ,  final-mente ,  já  são  reconhecidas   e   denunciadas  como    verdadeiros  e  vergonhosos   calotes   eleitorais . 



 Urgentemente ,   faz-se   necessário   o    agir    e   não   o    simples   falar ,   contemplar   e    muito  pouco  ou  nada  fazer .                                                                                                                                                                                Se ,  pelo  simples  emprego  das  referidas  palavras  latinas   quousque   tandem ,  for  o   título   considerado  como  agressivamente  impactante ,   será ,  até   bom ,   que  assim  o  venha  a  ser ,   desde  que  se  entenda  o   “ até  quando ,   afinal ?  ”    como  enfático ,  imperioso  e  inadiavel  apelo  a  que  se  declare  um   “ basta ”   ou ,  melhor   e   verdadeiramente ,   “ inúmeros    bastas ”   aplicaveis   ao   caotismo   bem  comum  às  administrações  exercidas  ao   arrepio  das  leis ,  ao  estilo   laissez   faire   e  que ,  em  decor- rencia ,  ficam  desprovidas  do  imprescindível   respaldo   popular .  



Assim ,  há  que  se  proclamar   “ basta ”   ou   “ bastas ”   à :   a) –  apatia ;   b) –  covardia ;    c) –  miopia ;  d) –  mediocridade ;   e) –  mesmice ;   f) –  ineficácia ;    g) –  pirotécnica   falácia ;    h) –   concentração    e     abuso  de  poderes  sempre  implicando   em  patológica   e  nefanda  subserviencia   aos  mesmos  impos-  tores ;   i) –  prepotencia ;   j) –  corrupção ;   k) –  omissão ;   l) – negligencia ;    m) –  cúmplice  e  astuciosa  bajulação ;   n) –  perversa  criminalidade ;   o) –  perdulária  aplicação  de  recursos ;    p) –  impunidade   e  outras  escafandras  facetas  que  perpassam   descasos ,  marasmos ,  engodos , abominaveis  nepotismos   e ,   lamentavelmente ,   o  bem  provável   e   desastroso  descrédito .



Como  eficaz  antídoto  às  condutas  que  motivam  e  justificam  os  “ bastas ”  há  que :  1) -  empreender esforços  que  demonstrem  maior  coerencia  entre  discursos  e  ações ,  fazendo  com  que  o  angulo  de defasagem   ou   disparidade  entre  ambos  seja  o   m í n i m o    ou ,   até  mesmo ,   n u l o ,   se  possível ;     2) -  se empenhar  por  mais  rigorosa   probidade ,  racionalidade    e  modernidade  administrativas ,  com  a  mais  parcimoniosa   e  austera  aplicação  dos  recursos  que ,  vale  destacar ,  pertencem  à   res  publi-   ca ;    3) -  promover ,   para  cada  atividade ,   a  necessária  identificação   dos  respectivos   stakeholders   envolvidos ,  e  favorecer  a  mais  positiva  interação  dos  mesmos ,  distanciadas ,   evidentemente ,  pos-  siveis   e  habituais  intenções  e  intervenções   hegemonicas ;  4) -  elaborar  planejamentos  estratégicos,  assim  chamados ,   também   e   especialmente ,  por  resultarem  de   solidária ,  democrática ,   ampla   e  suprapartidária  participação  dos  agentes ;   5) -  tornar  bem  evidentes  e   confiaveis :   garra ,  determi-  nação   e   sadia  ousadia  empreendedora ,   fatores  estes  postos  a  serviço  de   verdadeiro   desenvolvi-  mento   no  qual ,   pari   passu ,   progresso  economico   e   desenvolvimento  humano   tem  índices  que ,  simultaneamente ,   devem  ser  melhorados   e   partilhados  em  benefício  de  todas  as  pessoas .    



             


Aliás ,  deve-se ,  aqui ,  destacar  a  nítida  coerencia  existente  entre   as  recomendações   elencadas   no  tópico  anterior   e   os  postulados  da  Doutrina  Social   –  por  certo  –  não  só  da  Igreja  Católica   mas , igualmente ,   de  outras  Igrejas .    Tal  observação  encontra  suporte  nos  registros  sobre  a  inesperada e  corajosa  fala  do  Papa  Paulo  VI  ( Giovanni  Montini   –  apelidado  como    “ o  Papa  da Paz ”   e  autor  da  Encíclica  POPULORUM  PROGRESSIO – PP  ( O  Desenvolvimento  dos  Povos ) ;  – o  referido  pronun-  ciamento  de   Paulo  VI   fora  dirigido ,  em  outubro  de  1965 ,   aos  inúmeros  Delegados   participantes  da  Assembleia  Geral  da  ONU  .    Solenemente ,  afirmara   Paulo  VI :  “ a  questão  do  desenvolvimento  é  uma  questão  moral ;    é ,  também ,   um  dever  de  justiça  nacional   e   internacional  ;     trata-se  do  uso  apropriado  e  da  justa  distribuição  dos  recursos  da  terra  em  vista  do   bem  de  toda  a  humani- dade   . . .      a  pretendida  paz   não  é   mera  ausencia  de  guerra   e  não   advem  por  acaso ;     - é  res-  posta  ao  desejo  do  Fundador  divino ;    - deve  ser  realizada   pelos  homens  que  tem  sede  de  justiça   . . .    o  desenvolvimento  integral  só  acontecerá  quando ,  holisticamente  e  muito  acima  de  simpatias  e  decorrentes  tendencias  às  ambições  do  liberalismo  capitalista   e/ou  ao  totalitário  socialismo  leninista/marxista ,   promover  todos  os  homens  e  o  homem  todo ” .       



Cabe ,  ainda ,  observar   que  a  referida  Encíclica  escrita  por  Paulo  VI  não  é  o  único  Documento  que  aborda  e  explicita  a  posição  da  Igreja  frente  às  graves  questões  operárias  e  questões  sociais  advindas , principalmente ,  da  cha-  mada  “ Revolução  Industrial ” .     Como  impactante  antecedente ,  a  “ Doutrina  Social  da  Igreja ”  foi ,   pela  primeira  vez   e   no  ano  de  1891 ,  corajosamente  abordada  e   enfaticamente  proclamada   pelo   Papa  Leão  XIII ,   através  de  sua  Encíclica   RERUM  NOVARUM – RN  ( A  sede  das  Inovações ) ,  Docu- mento  esse  por  vezes  referido  como  a  “ Carta  Magna ”.      Atentos  à  dinamica  dos  acontecimentos  e  empenhados  em  observar  atualizada  contextualização  e  maior  aprofundamento  dos  delicados  te-  mas  sociais ,  subsequencialmente  inúmeras  Encíclicas ,  destacando  a  importancia  da “ RERUM NOVA- RUM ”   e  comemorando  aniversários  da  mesma ,  foram  escritas   e   oficialmente  publicadas   por  ou-  tros  Pontífices  podendo-se ,  dentre  tais  Documentos ,  citar :  QUADRAGESIMO  ANNO – QA  ( Quadra- gésimo  Ano  –  escrita  por   Pio  XI  em  1931 ) ,  MATER  ET  MAGISTRA – MM  ( Mãe   e   Mestra  –   de  ’  João  XXIII  –  ano  de  1961 ) ,  OCTOGESIMO  ADVENIENS – OA   ( 80º  Aniversário  –  publicada  por  Pau- lo  VI ,   em  1971 ) ,  LABOREM  EXERCENS – LE  ( Exercendo  o  Trabalho  – autoria  de  João  Paulo  II , em   1981 )  e   CENTESIMUS  ANNUS – CA  ( Centésimo  Ano   que ,  igualmente ,  tem  por  autor  o  Papa João    Paulo  II ) .    



Mais  racional  e  economica  elevação  dos  índices  de  produção ;   – mais  horizontal ,  equilibrada ,  har-monica ,  igualitária   e   justa  distribuição   de  beneficios  advindos ;  –  melhor  qualidade   de  vida  para todas  as  pessoas ,  independentemente  de  residirem   e/ou   trabalharem  nos  centros  urbanos ,   bair-ros  periféricos   ou  nos  satelites  Distritos   e/ou   pequenos  aglomerados  das  Comunidades  Rurais ;   –  – incrementada  e  ampla  aquisição  de  conhecimentos  e  cultura ;  –  inabdicavel  resgate   da  dignidade humana  e  da  solidariedade  entre  classes  e  povos ;  –  mais  livre  e  democrático  acesso  às  atividades de  lazer ;   –  enfim ,   enriquecimento  de  outros  valores  espirituais .        Pontualmente ,   esses  são   os principais  fundamentos  pretendidos  como  suporte  ao  escopo  da  Coluna  e  que ,   en  passant ,  suge-rem  embutir  intima  relação  e  concordancia  com  os  sadios  e  já  referidos  propósitos   da  comentada   Doutrina  Social  da  Igreja  Católica   e   –  certamente  por  não  ser  privilégio  exclusivo  desta  –   prova-velmente   também  identificados  com  elevados  postulados  de  outras  Religiões .   



Desejamos  já  esclarecidos  o  significado  do  título  “ Até  quando ,  afinal  . . .  ? ” ,  bem  como  a  abran-gencia  e  destinação  dos  comentários .      Assim ,  pode-se ,  em  síntese   e  como  se  segue ,  reafirmar alguns  traços  caricaturais  identificadores  da  Coluna :  –  1)  amplitude  de  contextos ;  –  2)  diversifica- da  temática  ;  –  3)  responsavel  liberdade  de  manifestação ;   –  4)  opção  pelo   não  pessoal ,  focando abordagens  eminentemente  centradas  no  objeto  ( destinatário )  das  ações   e   não  no  sujeito  das  a-  ções ;    –  naquilo  que ,  considerado  conveniente ,   pode  ( ou  podia )   e   deve  ( ou  devia )   ser  feito ;   – inversamente ,  na  atividade  que ,  não  se  mostrando  aconselhavel  e/ou  viavel ,  não  pode  ( ou  não  podia )   e   não  deve  ( ou  não  devia )  ser  executado .   Convem  reafirmar :  a  contextualização  é   am- pla ,  podendo  tratar   de  questões  relacionadas   às  empresas  privadas   ou   à   administração  pública ,  esta  em  qualquer  uma  de  suas  esferas ;   –  espacialmente ,  não  deve  haver  barreiras  e  limites  geo- gráficos ;    –   as prioridades   e  decorrentes  enfoques   podem  estar  voltados   para   um  ou  mais   dos  inúmeros  setores da  Sociedade  local  e/ou  macro  regional .                                                                                                           


 



Mesmo  reconhecendo  já  ser  longa  e  bem  exaustiva  a  explicação  ( justificativa)  quanto  ao  título  da Coluna ,  consideramos  válido  registrar ,  uma  vez  mais ,  que  o  chamado  “ Papa  da  paz ” ,  Paulo  VI , recomendando  urgente  e  salutar  correção  à  míope  concepção  de  um  desenvolvimento  unicamente economico ,  foi  muito  feliz  quando  de  sua  enfática ,  oportuna  e  corajosa  proclamação :   “ desenvol- vimento  é  o  novo  nome  da  paz ” .     Evidentemente ,  Paulo  VI  se  referia  a  um  processo  de  integral desenvolvimento  e  não ,  simplesmente ,  de  crescimento   ou   progresso  economico .        Movidos  por compreensivel  preocupação  com  a   geração  de  empregos ,   tendenciosamente  somos    –   se  apenas focados  nos  resultantes  aspectos  positivos   –    tentados  a  pensar ,  desejar  ardentemente  e  postular insistentemente  por   mais  industrialização   que ,  viabilizada ,  nem  sempre   se  sustenta  por  não  res- ponder  prévia  e  satisfatoriamente   às  básicas  e  seguintes  indagações   indicadas  pela  conhecida  fór- mula  ou  ferramenta  administrativa  5W 2H  assim  colocadas :  O  QUE  INDUSTRIALIZAR ( ou  produzir) ?  –  POR  QUE ?    –  ONDE ? ( área  urbana  ou  rural ? ,  qual  município ,  região ,  estado ,  país ,   etc. ? )   – QUANDO ?   –   QUEM  VAI  INDUSTRIALIZAR ?  ( com  que  recursos  humanos  e  de  onde  vem ,  etc. )   –   COMO  VAI  INDUSTRIALIZAR ?     –     POR  QUANTO ?  ( a  que  custo  financeiro ? ,  ambiental ? ...  etc.  ) .



Há  que  se  ter   muita  cautela   pois ,   geralmente ,   o  crescimento  desmesurado   da(s)  cidade(s) ,   em   decorrencia  do  processo  de  industrialização ,  provoca  exagerado  consumismo ,  supérfluo  luxo   e  es-  banjamento  de  recursos ,  tudo  em  detrimento  das  mais  básicas   e   legítimas  aspirações   e   de   me-lhor  qualidade  de  vida  também  para  o  campo ,  aqui  incluídos  os  Distritos   e   pequenas   Comunida- des  Rurais .    O  necessário  atendimento  aos  anseios   do  meio  rural ,  implica  em   destemido  enfren-tamento   e  combate  à  miséria   e   à  criminalidade ,  efetiva  educação   de  qualidade ,  ágil  acesso   ao sistema  de  saude ,  atenta , pronta  e  eficaz  segurança ,  melhores  chances  de  estável  e  justo  empre-    go ,  melhor  oferta  de  adequadas  moradias  e  alimentação ,  mais  conforto  e  lazer .      Conturbados  e  asfixiados   centros   e   bairros  periféricos  urbanos ,  na  maioria  das  vezes ,  tem  por  degradante   mol-  dura  os  afavelamentos  e  bolsões de  extremada  miséria  nos  quais  se  agiganta,  eviscera  e  impera  o  pesadelo  da  criminalidade   agressivamente  estereotipada   na  fome ,  nas  doenças   transmissiveis ,  no  analfabetismo ,  na  desqualificação  profissional  e  desemprego ,  na  delinquencia ,  nos  homicídios , nas    drogas  e  na  precoce  e  depravada  sexualidade .  



Insistindo  quanto  ao  significado  da  indagação  “ Até  quando ,  afinal  . . . ? ” ,  não  nos  parece  correto qualificar  o  título  como  belicoso .     Entendamos    –  de  vez  –   o  até  nobre  encargo  que  compete  a  todos  os  órgãos  de  imprensa , qual  seja  o  de  responsável   –  por  vezes  –   onerosamente  sob  vários aspectos  decorrentes  de : divulgar  e  comentar  procedentes  fatos ,  tecer  críticas  imaginadas  constru-tivas ,  apresentar  sugestões  próprias   e/ou   de  terceiros ,  enfim    –   e  se  necessário   –   formular  de-núncias  sobre :  possíveis  desmandos ,  descasos ,  nepotismos ,  favorecimentos  ilegais ,  desvios ,   locu-pletações ,  outras  improbidades  administrativas   e  . . .    aquela  incomoda ,  recorrente  e  irritante  im-punidade  cuja  omissão ,  a  bem  da  verdade ,  chega   –  mais  vergonhosamente  ainda  –   a  sugerir  al-  gum  grau  de  criminosa  cumplicidade .



Em  se  tratando  de  discursos , comentários  e  escritos , nem  sempre  é  válido  conhecido  ditado  latino  que ,   em  idioma  português ,  sentencia :  “ sejas  breve   e   agradarás ” .      Pelo  referido  “ basta ”  ( ou bastas )  da  indagação  “ Até  quando ,  afinal . . . ? ”  somos  todos , lato  sensu ,  convidados  a  ouvir  an-gustiante  apelo  ou  “ grito  de  alerta ”   às  nossas  consciencias ,  o  que  nos  induz   a  renegar  a  estéril e  até  irresponsavel  postura  de  meros  e  contemplativos  expectadores , assumindo  efetivo  e  partilha-do  protagonismo  que  se  nos  impõe  a  todos .



Assim ,  em  qualquer  nível  ou  dimensão  geográfica ,  a  atual , inquietante  e  caótica  situação  em  que nos  encontramos  não  deixa   –  por  certo  –   de  ser  consequencia  de  “ descasos ”  para  com  os  legí-timos  interesses  da  Comunidade  ou ,  então   –  o que  em  nada  reduz  a  gravidade  –   caracteriza  ex-tremada  infidelidade  às  promessas  e  falaciosos  discursos  que , verdadeiramente ,  só  servem  às  elei-ções ,  daí  o  apelido  de  “ calotes  eleitorais ” .       O  atual  quadro  impõe  ações  de  conjunto  a  partir , evidentemente ,  da  clara  visão  de  todos  os  problemas   e  de  todos  os  seus  fatores  intervenientes . A  conjuntura  do  momento ,  exige ,  igualmente ,   transformações  urgentes ,  audaciosas   e   profunda-mente  inovadoras .      E ,  como  se  diz   na  gíria ,   “ é ,   exatamente  aqui ,  que   já  há  muito   o   bicho  pegou ” .      Trata-se ,  evidentemente ,  de  cuidadosa   e  honesta  tarefa   que  não  pode   prescindir  de confiavel   diagnóstico  que ,  simultaneamente ,  deve  mapear ,  identificar   e   analisar  alternativas  das mais  viáveis  e   estratégicas  potencialidades . 



Recorramos ,  agora ,  ao  título  e  façamos  as  indagações : “ Até  quando ,  afinal , abdicaremos   de  nos-sos   sonhos ? ”  . . .           “ Até  quando ,   afinal ,   rejeitaremos   os  sonhadores ,   os  visionários ? ”    . . . “ Até  quando ,  afinal ,  perdurará   o  nosso  imaginado   poder  de  negar  espaços   aos  que  sonham ? ”



Como  bem  nos  lembra  Edro  de  Carvalho ,  autor  de  “ Feliz  dia  de  hoje ! ” :   “ a  realidade   é  o   que já  existe ,   é  o   que  é   e  ,  caos   ou  não ,   catástrofe  ou  não ,   é  o  que   está  aí ,   posto   aos   nossos  olhos  e  com  o  que ,  dia  após  dia ,  nós  convivemos ,  irritados  ou  não  . . .   Diferentemente ,  o  sonho é  o  que ainda  não  existe ,  constituindo  força  potencial  que  pode  expandir   e  transformar  a  realida-de  . . .      O  sonho  é  o  futuro ,  onde  jogamos  nossos   desejos  e  ambições   . . .       Sem  que  tenhamos sonhos   não  chegaremos  a  parte  alguma  . . .      Entretanto ,  não  confundamos  sonhos  com  fantasias . . .      O  sonho  que  não  se  concretiza  não  passa  de  fantasia  . . .     É  preciso  ir  à  luta  . . .    Não  bas-ta   contemplar ,  falar  e  pensar  que  acredita  . . .    ” .



Sim ,  concordamos  com  Edro  pois ,  de  fato ,  o  sonho  é  o  futuro ,  onde  jogamos   nossas  aspirações dentre  as  quais    –  quem  sabe   –    até  as  mais  sublimes .       Entretanto ,  não  entendamos  o  “ jogar sonho  no  futuro ”  como  sendo  uma  conduta  de  abandono  como   o   jogar  no  futuro ,  jogar  no  lixo por  ser  algo  desprezivel ,  descartavel ,   o  que ,  aliás ,  deverá  acontecer  só  a  partir  da  realização  do sonho  que ,  uma  vez  concretizado ,  já  é ,  evidentemente ,  realidade  e  não  mais  sonho .       Julgando conveniente ,   parece-nos  oportuna   a  advertencia :    –   que  nos  acautelemos ,   nos  precavenhamos , pois ,  uma  vez  mais  poderá  acontecer  que  muitos  dos  nossos  sonhos  e  projetos  sejam  prometidos mesmo  que ,   consciente   e  antecipadamente ,   já  tenham  sido   preteridos   e/ou   abandonados    até  que ,  irresponsavelmente ,  sirvam  como  novas  promessas  nas  próximas  disputas  eleitorais .    A  rea-lidade  é  o  caos    que  tanto  incomoda  a  todos ,  sendo   –   lamentável  e  costumeiramente  –   consequencia   da  vontade ,   da  comodidade ,   da  timidez ,   da  incapacidade   de  poucos .     Urge  promover  transformações    para  as  quais   devem   ser   bem  vindos   os  sonhadores ,   os  visionários ,   os  felizar- zardos  que  padecem  de  utopia ,   os  audaciosos ,  os  corajosos ,  abnegados   e   experientes  empreen- dedores . 



Conforme  a  já  referida  amplitude  de  espectro  dos  assuntos ,  outras  indagações   poderão  ser  consi-deradas  pertinentes  constituindo ,  assim ,  objetos  de  questionamentos  como :   –  “ Até  quando ,  afi-nal ,   prosseguirão  as  agressões  à  natureza  e  ao  seu  meio  ambiente  gerando ,  em  resposta ,  inima-ginaveis  e  dizimadoras  catástrofes  ou  hecatombes ? ” ;     –  “ até  quando ,  afinal ,  o  ‘ homo  sapiens ’ trairá  os  nobres  propósitos  dos  iluminados  filósofos  do  século  XVIII ,  dentre  os  quais   há  que  reco-nhecer  a  inegavel  influencia  de  pensadores  franceses  como :  Rousseau , Diderot ,  Montesquieu,  d’A-lembert ,  Voltaire  . . . ? ” ;  –  salvo  engano , apenas  iluminado  e  hiper  aquecido  o  fisiologismo ;  – pe-lo  menos ,  até  aqui ,  na  própria  França ,  ‘ berço  do  trinitário  e  inspirador  ideal  de  liberdade ,  igual-dade  e  fraternidade ’ ,   constata-se ,  praticamente ,   um   ‘ zero ’   para  os  três  citados  pilares  de  sus-tentação ,   uma vez  que   a  liberdade  revestiu-se   patológica   ou ,   apenas ,  vista  como   arremedo  do  verdadeiro  e  elevado  sentimento ;    –  seria  desconfortável  assegurar  haver  sadia  e  autentica   liber-dade   quando ,  ao  contrário   e   verdadeiramente ,  observa-se  falsa  ou  extremadamente   capenga  li-berdade   ( daí  a  alcunha  de  patológica )   uma  vez  impregnada   por  excessiva ,  abusiva   e   perniciosa  libertinagem  abandonada  ao  laissez  faire ;    –  igual  nulidade  para  a  sonhada  igualdade ,  como  para  a  decantada   fraternidade .   –  Findo  o  absolutismo  monárquico ,  projeta-se ,  avidamente ,  a  burgue-sia ,   eclode  a  Revolução  Industrial ,  desponta  e  exacerba-se  um   capitalismo   selvagem  e  ambicioso  no  qual  a  insaciavel  classe  dos  mais  favorecidos  e  que  já  tem  muito  não  se  contenta  e  quer  sem-  pre  mais ,   mesmo  que  tudo  aconteça  em  total  desrespeito   e   prejuízo  do   operariado ,  este ,   pro-gressivamente ,  mais  empobrecido  e  tentando ,  miseravelmente ,  sobreviver  sob  as   mais   degradan-tes   e  sub-humanas  condições .  



Compreensivelmente ,  embora  não  devam  existir  barreiras  geográficas  que  se  interponham  e  impe-çam  as  abordagens ,  provavelmente  haverá  significativa  predominancia   no  enfoque  daquelas   ques-tões  mais  próximas ,  que  possam  ser  do   dia  a  dia   e  que  nos  toquem  mais  diretamente    e ,  isso , por  certo ,  num  crescendo   de  frequencia   na  medida  que  se  aproxima  do   epicentro  do  contexto . Em  decorrencia  e  já  adiantando  sobre  o  portfólio  do  “ até  quando ,  . . . ” ,  seguramente   será   mui-to  dificil  fugir   e   evitar  temas  que  permeiem :    –  o  nosso  caótico  sistema  de   educação ,  saúde   e segurança ;    –  os  inquietantes   e  suicidas  gargalos   e  congestionamentos  do  transito  urbano ;    –  as prioridades   e  critérios  legais   adotados  tanto  na   elaboração  de  orçamentos  públicos   como  na  sua execução   e   competente  fiscalização ;     –  o  descompasso   e   desacertada  articulação   dos  principais  segmentos ,   setores ,   parceiros   ou   forças  comunitárias ,   reconhecidamente  até   já  existentes   mas  que ,  por  efeito  de  fatores  diversos ,  tem  evidenciado   e   sugerido  haver   um  certo  grau  de  danosa incompetencia  política  própria   e  decorrentes  submissão  e  dependencia  a  exógenas  influencias  nem sempre  tão  afinadas  e  comprometidas  com  os  prioritários  interesses  regionais ;      –  a  referida ,  im-prescindivel  e  soberana  competencia  política  que  resulta  do  recíproco  respeito ,  bem  como  da  efe-tiva  e  livre  interação  dos  tres  poderes  constituidos  –  executivo,  legislativo  e  judiciário  que  existem para ,  em  completa  harmonia ,  servir  à  sociedade   e   não  para   se  servir  da  sociedade ,   para   servir ao  homem  como  justificável  fim   e   não  para  servir  ao  Estado  ou ,  o  que  é  gravíssimo ,   para   con-ceder  vantagens   e   privilégios   às  pessoas  dos   próprios  governantes   administradores  públicos   e/ou –  como  instrumento  de  barganhas  –  a  seus  apadrinhados ;        –   a  sociedade  não  pode  abdicar  do efetivo ,  livre  e  pleno  exercício  dos  tres  poderes  cuja  necessária  interdependencia  não  pode  signifi-car   os  insistentes  e  agressivos  sequestros  e/ou  transferencias  de  funções  e  respectivas  responsabi-lidades ,  tal  como  se  observa   especialmente  nas  relações  entre  o  executivo  e  o  legislativo ;   a  sus-tentabilidade  e  performance  do  governo ,  em  seus  vários  níveis ,  tem  sido  ameaçada   ou    onerosa-mente  assegurada  em  função  do  grau  de  favorecimentos  corrupta  e  impunemente  concedidos;  em    decorrencia  e  evidentemente ,  tornou-se  mais  simples  e  estratégico   investir  na  eleição  de  políticos  praticamente  em  nada  comprometidos   com  os  reais  interesses  do  povo  que ,   vale  destacar ,   será  quem  pagará  a  insuportavel  conta .       



Finalizando   enfim ,  renovamos  agradecimentos   e   registramos  a  expectativa   de  que  o  mencionado portfólio  da  Coluna  seja  salutarmente  enriquecido  por  críticas ,  ante  as  quais  não  estamos  imunes,    e/ou   por questões  sugeridas  pelos  próprios  leitores  acessando   www.atequando@onorte.com.br



Abençoados  por   Deus ,   entreguemo-nos   ao  nobre   munus   que   nos  compete   a  todos ,   qual  seja  o  de  bem  servir  ao   integral  desenvolvimento  do  homem .                         


 

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